Por Fernando Brito
O general Hamilton Mourão, ao que parece, trocou a sua intimidade com a equitação por uma inédita psicologia de massas.
Para ele, o bloqueio de rodovias praticado por bolsonaristas é, apenas, uma “catarse coletiva”:
— Essas pessoas não estão na rua de forma desordeira, estão num processo de, vamos dizer assim, numa catarse coletiva, não é, eu posso colocar dessa forma, no sentido de aceitar algo que eles consideram que não foi correto.(…) Em primeiro lugar, as manifestações não são golpistas. Isso foi uma coisa que vocês da imprensa estão colocando. Isso é uma manifestação de gente no Brasil, é uma questão interna nossa, que não se conformou com o processo, que considera que o processo é viciado.
E o processo é viciado porque, segundo ele, o Tribunal Superior Eleitoral “foi parcial ao longo desse jogo”.
O general, acostumado ao ócio em seus quatro anos como vice de Bolsonaro -sua única missão, a de controlar o desmatamento da Amazônia, dá bem a ideia de sua “atividade” e prestes a iniciar mais oito anos como figura inútil no Senado Federal, bem que podia se aprofundar no estudo do “golpismo catártico”, esta categoria que cria para absolver os crimes que estão sendo cometidos.
Mourão, como a “leva” de generais que se acoelhou durante a democracia e, depois da quebra da institucionalidade com o golpe de 2016 para correr para as “boquinhas” que lhes surgiram com a eleição de Jair Bolsonaro deveria contentar-se em calar a boca e aproveitar o cafezinho do Senado e as verbas de gabinete.
Faria melhor do que se pretender o Aristóteles do golpismo, inventando uma “purificação das almas” penadas da derrota eleitoral. Até porque catarse armada sai do campo da comédia e passa, por qualquer coisa, ao da tragédia.
Ou, tendo em vista suas capacidades intelectuais, que apenas inclua um hífen na palavra que descobriu e vá catar-se.