Para o colunista Janio de Freitas, da Folha de S. Paulo, o próximo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, já anunciado pelo presidente eleito Lula (PT), terá, à frente da pasta, muitos “dias difíceis” com os militares. Desde que seu nome passou a ser ventilado, Múcio afirma que a “despolitização” das Forças Armadas seria uma de suas prioridades. “Despolitizar de verdade é militarizar os militares”, escreveu Janio de Freitas em sua coluna, publicada neste domingo (11).
“Se a disciplina e a hierarquia fossem os princípios essenciais dos militares, como dizem todas as intenções de caracterizar a vida das casernas, não se explicariam a atualidade nem o tumultuado percurso da República, nascida já da insubordinação contra os poderes constituídos”, afirma Jânio.
Em entrevista para a GloboNews, na última semana, Múcio afirmou que o período até a posse do novo governo será historicamente dos mais difíceis. No entanto, questionado sobre se há risco à democracias nas movimentações golpistas atuais, foi claro: “nenhum”. Janio de Freitas considera contraditórias essas duas respostas do futuro ministro. “Nem por isso deixou de associar, diversas vezes, a palavra golpe às concentrações aceitas pelos comandos, quando não incentivadas, na frente de instalações militares com apelos de golpe”, escreveu o colunista da Folha.
Janio avalia que “apenas” despolitizar não é suficiente, tendo em vista as “circunstâncias latino-americanas”. “Se imposta, a despolitização não perdura. É frágil diante da máquina de indução de condutas possuída pelos interesses contrários aos aspectos sociais e culturais da democracia. (…) Os dias de dificuldade sem precedente, pressentidos por José Múcio Monteiro, não vão só até a posse”, publicou o jornalista.