Por Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo
Enganam-se aqueles que acham que Pelé foi o maior jogador de futebol de todos os tempos.
Pelé foi muito mais do que isso.
Como dizia Pasolini, no momento em que Pelé tocava a bola, o futebol se transformava em poesia.
Com a bola nos pés, Pelé escrevia poemas lúdicos que encantavam as plateias de todo o mundo. Poemas nunca vistos, nunca lidos, saídos da alma de um país extraordinário. Mesmo seus adversários paravam embevecidos para aplaudir.
Pelé, na realidade, criou um outro esporte: o futebol-arte. Um esporte baseado na criatividade, no improviso, na picardia, num talento incomensurável. Um esporte autenticamente brasileiro. Uma arte nacional.
E foi essa arte em movimento que inventou o Brasil no mundo.
Pelé foi, e ainda é, nosso maior embaixador. Seu nome se confunde com o do Brasil.
Por onde passava, sua majestade, o Rei da Grande Arte, o Deus do Futebol, era admirado, idolatrado. E, com ele, o Brasil era também reconhecido como uma terra mágica, talentosa e generosa, que tinha o poder de encantar e de inspirar.
Andy Warhol afirmou que Pelé não teria apenas 15 minutos de fama, como todos; teria 15 séculos.
É pouco, muito pouco. Como escreveu John Keats, uma coisa bela é uma alegria eterna. Com sua inigualável arte, com seu belíssimo futebol, Pelé é eterno.
Estará sempre presente, encantado, em nossos gramados, em nossas praias, nas ruas de nossa cidades, nos pés dos garotos e das garotas que continuarão sua grande arte.
E estará sempre presente nos corações e das mentes de todos, a mostrar que todo sonho é possível e que o Brasil é uma terra capaz de construir realidades fantásticas.
Perdemos um Rei, mas ganhamos um Anjo Eterno.