O Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República, foi a primeira construção definitiva da capital projetada por Oscar Niemeyer. Pode-se dizer que a cidade foi construída toda ao seu redor. Não por acaso, seu primeiro morador foi Juscelino Kubitscheck, o mandatário que tirou a capital do Rio de Janeiro para levá-la ao interior do país. Foi ele quem deu nome à edificação, que possui 6,3 mil m².
De acordo com reportagem da Globo datada de 01/01/2019, a família Bolsonaro encontrou “os ambientes internos e os móveis do jeito que Oscar Niemeyer e a filha, a designer Ana Maria Niemeyer, projetaram.”
Após a eleição de 2018, Michelle conheceu o imóvel integralmente restaurado. No segundo mandato de Lula, foi feita uma reforma de vulto no local. Michel Temer, por sua vez, também exigiu reparos antes que fosse para lá, após o golpe de 2016. Curiosamente, ele e sua família ficaram uma semana no local e retornaram para sua residência anterior, o Palácio do Jaburu, onde morou até o fim de seu mandato.
A segunda reforma abrangeu cerca de 400 móveis e objetos de decoração. Sofás, mesas e poltronas assinadas por alguns dos maiores nomes do design nacional foram restauradas e retornaram aos salões do Alvorada tais como foram pensadas por Ana Maria, colaboradora na decoração dos interiores do prédio projetado por seu pai Oscar.
Pelo local já passaram desde presidentes americanos como Barack Obama, George Bush e Bill Clinton até o líder cubano Fidel Castro, passando por nomes da família real britânica, como a Rainha Elisabeth II e o então príncipe Charles.
Por serem em sua maioria peças únicas, em regra encomendadas exclusivamente para o palácio, é difícil mensurar o valor financeiro do acervo contido no Alvorada, mas, a título de exemplo, a tapeçaria desenhada por Di Cavalcanti e feita na França, que foi indevidamente exposta ao sol, é avaliada em R$ 5 milhões.
O escolhido pelo povo para ser presidente da República tem a oportunidade de conviver e interagir com parte relevante da história da arte e do design brasileiro. À título de exemplo, o piano meia cauda de lá foi presente de Tom Jobim, que juntamente com Vinícius de Moraes compôs a “Sinfonia da Alvorada para Brasília”. No salão nobre, há esculturas de Victor Brecheret (o mesmo artista do Monumento às Bandeiras, localizado na capital paulista), entre elas.
Entre os itens datados dos tempos do império, há louça chinesa do século XVIII, encomendada ainda pela coroa portuguesa e trazida ao Brasil por Dom João VI.
A falta de cuidado dos antigos moradores evidencia não só a total indiferença da família Bolsonaro com a nossa e cultura e história, como também é indício de que essa turma toma água da privada.