O ex-comandante da Marinha Ilques Barbosa Júnior saiu de um grupo de WhatsApp com integrantes da instituição, de acordo com a coluna de Eliane Cantanhêde no jornal Estadão. Segundo a jornalista, a atitude de Ilques é um protesto contra manifestações de almirantes que debatem atos terroristas e golpistas e criticam o novo comandante da Marinha, indicado pelo presidente Lula (PT).
O primeiro a deixar o grupo foi o almirante Eduardo Leal Ferreira, que passou o comando da Força para Ilques, em janeiro de 2019, no começo do governo de Jair Bolsonaro (PL). Os integrantes do grupo, de acordo com Cantanhêde, criticam o novo comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, por ele ter agradecido a Lula pela nomeação em seu discurso de posse. Outro assunto frequente é o ataque terrorista às instituições, em Brasília, no dia 08 de janeiro.
“Essas discussões e esses conflitos ocorrem não apenas na Marinha, mas também nos bastidores do Exército e da Aeronáutica, num momento em que o presidente Lula aumenta o tom para cobrar responsabilidades pela omissão de setores militares diante dos atos golpistas de domingo”, diz a coluna de Cantanhêde.
O militar teria ficado insatisfeito com as críticas ao colega e o teor golpista das mensagens dos outros integrantes do grupo de discussão no aplicativo de mensagens.
Ao sair, Ilques Barbosa justificou que “em nenhuma hipótese, nenhuma, concordo com atitudes que comprometem a hierarquia e a disciplina”, disse segundo a colunista. “Em nenhuma hipótese, os fins justificam os meios. Se assim fosse, estaríamos nos igualando a tudo que desacreditamos”.
Segundo ele “os atos em Brasília e os desdobramentos, que perdurarão no tempo, impõem reflexões profundas, mas, tendo como início os nossos reais altos valores morais e cívicos, é preciso discernimento para impedir a indevida manipulação justamente desses valores”. Ao se despedir do grupo, Ilques Barbosa diz que “sempre, quem faz a opção pela violência, armada ou não, perde. Quem opta pela democracia vence”.