A polícia prendeu 1.398 pessoas depois dos atos terroristas do dia 8 em Brasília. São 904 homens e 494 mulheres.
Alguns já foram liberados, por serem idosos, mães com filhos pequenos ou pessoas doentes. Restam 1.159 presos.
Todos estavam dentro ou no entorno do Planalto, do Congresso e do Supremo, na Praça dos Três Poderes, na Esplanada dos Ministérios ou no acampamento perto do QG do Exército.
Passada uma semana, vai sendo amplificada uma pergunta incômoda? Quantos dos que ainda estão presos devem continuar encarcerados?
Todos devem continuar presos? Todos são iguais? Todos têm as mesmas responsabilidades pelo que aconteceu? As respostas são: não, não e não.
Se eram cerca de 5 mil pessoas nas ações, é óbvio que a maioria escapou. Dos 1.398 presos, quantos são manés contratados para viajar até Brasília como figurantes?
Nas imagens das prisões, aparecem negros e pobres. Sabe-se que, com a proteção do Exército aos patriotas, a PM não conseguiu prender quem estava no acampamento no mesmo dia 8.
As prisões na área dos acampados acontecem no dia seguinte. A maioria dos brancos da classe média fascista conseguiu fugir.
O Fantástico mostrou no domingo que gente branca já identificada como terrorista, com ações de vandalismo ou antecedentes, com mandado de prisão, está solta.
Os presos em Brasília serão transferidos para seus Estados. Cadeias lotadas vão dificultar a gestão da vida dessa gente toda.
A Justiça terá de dar conta de uma urgência. Identificar sem demora quem foi usado, para que o mané amador não seja equiparado ao extremista que faz militância no bolsonarismo há anos.
Não é condescendência, é racionalidade. O Brasil precisa tentar reconquistar para a democracia pelos menos parte dos manés que se prestaram a viajar a Brasília em troca de migalhas e de promessas e não participou de atos violentos.
Se não fizer isso, haverá um contingente de presidiários que foram manobrados, enquanto líderes do golpe, os manezões, estarão soltos e impunes, como sempre estiveram.
Muitos terroristas da raiz bolsonarismo, que financiaram as ações, incitaram o golpismo desde o início do governo de Bolsonaro e ajudaram a sustentar a fábrica de fake news e a milícia digital do gabinete do ódio, esses não foram a Brasília e estão soltos.
O mané usado pelo fascismo, que deve ser liberado por participação irrelevante nos atos do dia 8, precisa ter sua vaga na cadeia ocupada por um fascistão.
É quase impossível que aconteça, mas é preciso que algo próximo disso seja possível.
Originalmente publicado em BLOG DO MOISÉS MENDES