Há muita gente para ser responsabilizada pelos atentados do 8 de janeiro em Brasília. Mas uma atenção especial deve ser dada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Foragido para os Estados Unidos desde o penúltimo dia do ano passado, ele tem reeditado seu comportamento costumeiro, que é falar pouco e sempre de maneira ambígua.
O capitão é covarde. Não assume a responsabilidade pelas suas decisões, o que prova que não é feito da matéria dos líderes políticos.
Ontem, na Flórida, Bolsonaro tentou se distanciar do 8 de janeiro.
Disse um protocolar “lamento” e classificou como “inacreditável”. Uma frase, seguida de um “mas” que justificava os vândalos.
Na semana passada, em vídeo que postou e logo apagou, o apoio aos golpistas era explícito. Assim como no discurso de sua tropa de choque.
Está cada vez mais claro que o plano do novo golpe contra a democracia brasileira partiu de Bolsonaro e de seu círculo íntimo.
Não é só deixar seus apoiadores fanáticos tocarem o terror, literalmente, julgando que isso lhe beneficiaria politicamente.
Nem é só se negar a reconhecer a legitimidade do resultado eleitoral, falando expressamente em uma inexistente fraude, gerindo suas redes sociais como se ainda estivesse no cargo, perorando repetidas vezes sobre “não perder a esperança” para seus seguidores derrotados – um verdadeiro apito de cachorro.
Isso já seria suficiente para indiciá-lo, por ter cometido, desde o exercício da presidência, crimes contra o Estado democrático de direito.
Mas a hoje infame minuta de golpe encontrada com Anderson Torres indica que é muito mais. Não se trata apenas de estimular o caos e deixar rolar para ver o que acontece.
Eles buscaram o caminho para a manutenção do poder pela força.
Permitir que a subversão da democracia fique impune é estimular que ela se repita. É imperioso processar e punir Bolsonaro e seus próximos.
Publicado originalmente nas redes sociais do autor
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