Fale menos, Múcio. Por Fernando Brito

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 0:28
Charge: Miguel Paiva/Jornalistas pela Democracia

 

A tão propalada “habilidade” do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, até agora, se é que existe, não se mostrou.

Primeiro, foi além da necessária moderação com a recusa do (agora ex) comandante do Exército, Júlio Cesar Arruda, em desmontar as concentrações bolsonaristas à frente dos quartéis, dizendo que eram “manifestações democráticas“.

Continuou fingindo que não via a realidade quando estas – depois de já terem produzido um quebra-quebra em Brasília (dia 12/12) e um atentado a bomba na véspera do Natal – permaneceram e o comando do Exército dava mostras de que não queria desfazê-las.

Depois das invasões à Praça do Três Poderes, o melhor que dele se pode dizer é que foi omisso. Bastaria um telefonema para exigir a mobilização do Batalhão de Guarda Presidencial. Aliás, na mesma comunicação, aproveitando o esvaziamento do acampamento golpista, enquanto seus indegrantes vandalizavam Planalto, Supremo e Congresso, para mandar bloquear o retorno ao acampamento, garantindo assim que a operação policial contra os terroristas não atingissem mulhres e crianças que haviam permanecido ali.

A demissão do Arruda aconteceu porque, como Múcio lhe fazia todas as concessões, o general sentiu-se desobrigado de fazer qualquer uma, mesmo a mínima que fosse, ao Ministro.

Nem mesmo recuar de uma nomeação indefensável de o ajudante de ordens de Bolsonaro, o Tenente Coronel Mauro Cid a um batalhão estratégico de “comandos” ao lado de Brasília, algo tão esdrúxulo quanto foi a designação de Anderson Torres para cuidar da segurança do Distrito Federal.

Lula sinalizou que, se não saísse um, sairiam os três e Múcio ficou emparedado.

Agora, depois que o presidente trocou o comandante – no que fez muito bem, concordam todos – Múcio dá entrevistas completamente desnecessárias, afirmando que foi dele a iniciativa da troca. Formalmente, pode até ter sido o portador da notícia da exoneração, mas qualquer um sabe que não foi sua decisão, mas do presidente.

O general Tomás Ribeiro Paiva assume o posto com força e destaque. Lula, mais ainda, afirmou seu comando, além de ter aberto um canal de relacionamento direto com o novo chefe do Exército.

Múcio, é consenso, saiu mais fraco da conciliação que era inevitável mas não podia dar certo à custa da cadeia hierárquica.

Falar muito, agora, só o fragiliza mais, pela insignificância da fala de quem já mão tem muita importância.

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