Carlos Bolsonaro vai usar uma brecha do Regimento Interno para uma manobra legal, mas imoral até para os padrões da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde ele exerce o cargo de vereador.
É o que se comenta em cada canto do Palácio Pedro Ernesto, sede do parlamento carioca: Carluxo vai pedir licença não remunerada de 120 dias, expediente que já usou na eleição do ano passado.
A chicana salta aos olhos por 2 motivos:
1) o parlamentar se ausenta, mas o suplente não pode assumir; 2) mesmo fora, mantém as benesses, notadamente o salário e demais benefícios de seus 18 assessores.
Carluxo precisou apelar ao esquema no pleito em que o pai perdeu a reeleição para Lula porque não podia mais contar com a regalia do home office, quando permanecia em Brasília bancado pelo cartão corporativo da presidência – a normatização atualizada, conhecida como híbrida, tolera o trabalho à distância apenas aos maiores de 60 anos ou aos parlamentares do grupo de risco à covid.
Na Câmara, a informação de que Carluxo vai pedir nova licença de 120 dias é dada como certa – ele está nos EUA em companhia do pai que viajou ao país estrangeiro em dezembro, dois dias antes da posse de Lula.
O filho 02 do ex-capitão tem medo de sofrer violência porque não conta mais com agentes federais para fazer sua segurança pessoal.
O drible é considerado imoral, mas o regimento garante o direito ao vereador do Republicanos.
Carluxo seguer precisa assinar algum documento, comparecer pessoalmente ou através de meios remotos para requerer o benefício: basta apenas que um de seus assessores protocole um oficio manifestando a intenção junto à mesa diretora.
O regimento interno do parlamento carioca dá a todo vereador o direito de solicitar 120 dias de licença não remunerada a cada ano legislativo, portanto 4 vezes ao longo de cada mandato.
A sessão inaugural de 2023 acontece dia 15 de fevereiro, quando todos os vereadores, sem exceção, devem comparecer presencialmente ao plenário para garantir quórum e iniciar os trabalhos.
Ninguém espera que Carluxo dê as caras.
Ele ficará sem receber salários, mas o prejuízo aos cofres públicos é considerável: a manutenção do staff do filho do ex-capitão custa R$ 235.247,37 por mês apenas com os salários dos 18 assessores, considerando valores de julho de 2022.
Veja a lista dos assessores de Carlos Bolsonaro, e suas respectivas remunerações:
ALESSANDRA RAMOS CUNHA R$ 7.819,26
ALEXANDER FLORINDO BAPTISTA JUNIOR R$ 15.933,62
ALMIR LONGO PEREIRA R$ 7.819,26
EDILSON MOUTINHO SCOVINO R$ 10.667,06
EDIR BARBOSA GOES R$ 16.868,60
EDIVALDO SOUZA DA SILVA R$ 13.272,99
HAROLDO ESPOSITO FERREIRA R$ 16.646,22
JORGE LUIZ FERNANDES R$ 23.367,14
JOSÉ FRANCISCO DOS SANTOS R$ 7.068,66
JULIA WANDERLEY RAMOS R$ 10.060,46
LEVY ALVES DOS SANTOS BARBOSA R$ 17.444,84
LUCIANA PAULA GARCIA DA SILVA ALMEIDA R$ 16.748,72
NELSON ALVES RABELLO R$ 7.068,66
PATRICIA CRISTINA FAUSTINO DE PAULA R$ 9.098,66
REGINA CELIA SOBRAL FERNANDES R$ 13.272,99
RODRIGO THOMÉ TORRES R$ 12.370,86
ROGERIO CUPTI DE MEDEIROS JUNIOR R$ 12.925,17
THIAGO MEDEIROS DA SILVA R$ 16.794,20