Uma atividade intensa de rotas aéreas clandestinas, com voos constantes dentro e fora do território nacional, é mantida pelo crime organizado do garimpo ilegal, no Norte do país. O objetivo é a extração de ouro e cassiterita inclusive na terra Yanomami. O jornal Estadão teve acesso a detalhes da cadeia logística que os garimpeiros, com o uso de aviões, utilizam para saquear a terra indígena em Roraima.
As rotas aéreas sãs as principais vias de acesso aos garimpos ilegais que estão situados dentro da terra Yanomami. É de avião que são transportados, além do próprio minério extraído, os insumos básicos da atividade criminosa, como combustível, peças e alimentos. Os rios são a segunda forma de transporte que impulsiona as ações clandestinas, mas que costumam ser mais utilizados nos meses de cheia. O preço das aeronaves operadas pelos garimpeiros ilegais mostram que a atividade está longe de ser “artesanal”.
De acordo com um agente ambiental ouvido pelo Estadão, a maior parte dos aviões utilizados pelos garimpeiros é do tipo monomotor, como Cessna 182, comercializado com o nome de Skylane, e que custa cerca de R$ 400 mil. Há ainda uso de helicópteros, como os modelos Robinson 44 ou 66, que são bem mais caros e custam a partir de R$ 3 milhões.
Para ampliar a logística dentro de terras demarcadas, os criminosos passaram a tomar pistas de pouso oficiais, construídas pelo governo para que os indígenas pudessem receber insumos básicos de saúde e alimentação. Isso aconteceu, por exemplo, no município de Alto Alegre-RR. “Até início de 2022, uma unidade básica de saúde funcionava ao lado desta pista de pouso, na base de Homoxi. Em três meses, o local foi tomado pelos garimpeiros, que expulsaram as equipes de saúde e transformaram a unidade em um aeroporto do crime, com exploração de minério ao redor da própria pista”, afirma o Estadão.