Após reaparecer no cercadinho do Palácio da Alvorada, em 9 de dezembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de uma reunião na qual revelou a “arquitetura” de um plano para anular o resultado das eleições, impedir a posse de Lula (PT) e permanecer no poder.
De acordo com informações da revista Veja, as indicações de que o ex-capitão se envolveu numa tentativa de conspirata estão num conjunto de mensagens. Deprimido com o resultado das eleições, o ex-chefe do Executivo com o apoio de um grupo muito restrito elaborou o seguinte plano:
Alguém de confiança do presidente se aproximaria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, devidamente equipado para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que servisse como argumento para prendê-lo.
Na reunião do Alvorada também estavam presentes o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES), que disse recentemente que tinha uma “bomba” sobre Bolsonaro. Do Val enviou a Moraes, no dia 12 de dezembro, às 20h56, três dias depois da reunião no Palácio da Alvorada, uma mensagem pedindo para falar pessoalmente com o magistrado: “Precisava falar como foi o encontro com o PR e o DS”.
PR era o presidente da República. DS era o deputado Daniel Silveira. Dois dias antes da reunião no Alvorada, o senador foi procurado por Daniel Silveira durante uma sessão do Congresso. O deputado, por sua vez disse que o ex-presidente tinha um assunto importante e urgente para falar com ele.
Por conta de Daniel Silveira ser investigado num inquérito sigiloso conduzido por Moraes, ele ficou preocupado em se envolver em algo que pudesse prejudicá-lo e comunicou o magistrado sobre a reunião com Bolsonaro e Silveira.
No dia, Silveira enviou a seguinte mensagem a Do Val: “Vou te mandar a minha localização, mas tu não entra não, no Alvorada. E nem chega perto da entrada. Tu não vai aparecer. Tu vai parar o carro no estacionamento que eu vou te mandar a localização. Eu vou estar ali. O carro vai vir buscar a gente”.
Na reunião, Silveira disse que o senador era de confiança e que o ex-mandatário podia contar sobre o plano que “salvaria o Brasil”. Caberia a Do Val a tarefa de gravar Alexandre Moraes, caso aceitasse a missão, uma vez que já conhecia o ministro a um bom tempo.
O plano era o senador se aproximar de Moraes e gravar suas conversas, dessa forma captar um diálogo que sugerisse algo como se Moraes tivesse feito algum tipo de interferência no resultado das eleições. E assim, conseguir prender o ministro, impedir a posse de Lula, anular as eleições.
“Eles me disseram: ‘Nós colocaríamos uma escuta em você e teria uma equipe para dar suporte, E você vai ter uma audiência com Alexandre de Moraes, e você conduz a conversa pra dizer que ele está ultrapassando as linhas da Constituição. E a gente impede o Lula de assumir, e Alexandre será preso'”, relatou do Val.