Sérgio Cabral será o primeiro e único? Por Moisés Mendes

Atualizado em 22 de fevereiro de 2023 às 1:20
Ex-governador do RJ Sérgio Cabral sendo preso. (Foto: Reprodução)

Sergio Cabral ficou seis anos preso, está em liberdade condicional desde dezembro, mas já tem condenações, em dezenas de ações, para mais 394 anos de cadeia.

Cabral pode pegar mais cadeia em processos em andamento. Todos os processos são por corrupção.

Agora, alguém imagina que algum golpista, do topo da hierarquia da tentativa de golpe, poderá ficar seis anos preso?

Dá para acreditar que algum dos chefes dos vampiros das vacinas da pandemia, que atuavam dentro e fora do governo, poderão pegar a metade do tempo de cadeia que Cabral pegou?

Alguém acredita que os responsáveis pelas políticas que levaram à matança de yanomamis poderão algum dia cumprir um terço da cadeia que Cabral experimentou em Bangu?

É possível esperar que os grandes grupos exploradores do garimpo e/ou vendedores de ouro roubado das terras indígenas sejam um dia condenados? Ou somente os garimpeiros pés de chinelo que trabalham para eles vão enfrentar a Justiça?

Quem leva a sério a possibilidade de ver na cadeia, para cumprir um ano de prisão, um dos grandes financiadores do golpe, até agora impunes? Um só.

Os garimpeiros estão fugindo, ao invés de serem presos. Os milionários que exploram os garimpeiros já fugiram há muito tempo.

Os grandes financiadores do fascismo estão escondidos na moita e não foram alcançados por ações do sistema de Justiça até agora.

A família Bolsonaro, que lavava caixa dois comprando imóveis com dinheiro vivo, está politicamente ativa e inalcançável desde o tempo das rachadinhas.

Os lobistas, fabricantes e atravessadores de cloroquina nunca foram investigados, apesar do esquema criminoso montado por Bolsonaro no Ministério da Saúde, como mostra de novo reportagem dessa semana da Agência Pública.

Todos eles escapam. Os grandes escapam sempre. Sergio Cabral pode ter sido um caso único, fora da curva, sem comparação nem mesmo com Eduardo Cunha (que também pegou cadeia) ou com os empreiteiros que Sergio Moro encarcerava preventivamente para que delatassem chefes e subalternos.

Sergio Cabral admitiu certa vez em depoimento que era viciado em propina, que não podia ficar muito tempo sem corromper alguém.

O golpismo também vicia. Há golpistas viciados em golpe desde a posse de Bolsonaro, em 2019. São viciados que acompanharam os blefes ameaçadores durante quatro anos, dentro do gabinete do ódio.

Cabral vai virar exemplo de exceção, se as coisas continuarem como estão. A situação pode mudar? Pode, se o tempo não comer as expectativas que restam.

O tempo sempre favorece os criminosos. Qualquer advogado sem OAB sabe que é assim. E o tempo passa rápido para a extrema direita impune.

Originalmente publicado em Blog do Moisés Mendes

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