EUA criticam Rússia por cancelar acordo nuclear: “Profundamente infeliz e irresponsável”

Atualizado em 21 de fevereiro de 2023 às 13:42
O secretário dos EUA, o democrata Antony Blinken
Foto: Reprodução/Michael Varaklas/AFP

O secretário de Estado dos Estados Unidos, o democrata Antony Blinken, comentou que a decisão da Rússia de não entrar no último acordo de controles de mísseis estratégicos vigente, o Novo Start, é “profundamente infeliz e irresponsável”. A interrupção do acordo foi anunciada na manhã desta terça-feira (21) pelo presidente russo Vladimir Putin, durante seu discurso à Assembleia Federal russa.

Segundo o secretário, o governo do presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, se mantém pronto para dialogar sobre o tratado de controle nuclear “a qualquer momento com a Rússia, independentemente de qualquer coisa que está acontecendo no mundo”. “Estaremos olhando com cuidado para ver o que a Rússia de fato faz”, disse.

O tratado, que foi iniciado em 2010 e deveria ser mantido até 2026, apontava que a Rússia e os Estados Unidos, que juntos possuem 90% do arsenal nuclear do mundo, estabelecessem um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, ao se tratar dos mísseis nucleares em terra ou lançados no mar.

As vistorias de instalações militares dos dois países, que acontecem sob o tratado nuclear Start, foram interrompidas pelos dois lados por causa da pandemia de covid-19 no início de 2020. Por causa disso, o comitê EUA-Rússia que monitora o tratado se reuniu pela última vez em outubro de 2021. Ainda assim, a Rússia suspendeu a cooperação com as inspeções do tratado em agosto de 2022, se opondo ao apoio dos EUA à Ucrânia.

Até então, todos os números sobre o assunto são especulativos, mas de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, a Rússia tem 5.977 ogivas nucleares, com 1.500 aposentadas. Os EUA teriam um total de 5.428.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse em agosto passado que havia informado aos EUA que estava suspendendo temporariamente as inspeções no local exigidas pelo tratado. A justificativa da pasta: as sanções de Washington impostas pela invasão à Ucrânia mudaram as condições entre os dois países e que, com isso, os EUA impediram os russos de realizarem suas próprias inspeções no solo americano.

Por outro lado, no dia 16 de janeiro, a Rússia afirmou ter finalizado sua primeira ogiva nuclear Poseidon, um super torpedo que desencadearia ondas radioativas no oceano para tornar as cidades costeiras inabitáveis. Segundo a Veja, a arma é baseada nos planos soviéticos de Josef Stalin de lançar um torpedo nuclear que, no contexto da União Soviética e da Guerra Fria, conseguiria devastar a costa dos Estados Unidos.

A legislação russa prevê o seu uso em somente quatro situações: lançamento de mísseis balísticos contra o território russo ou seus aliados; uso de armas nucleares contra a Rússia ou seus aliados; ataque a locais críticos governamentais ou militares que ameace a sua capacidade nuclear; e agressão contra a Federação russa com uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo.

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