Sempre mantendo o talento nato de ser inconveniente, a influenciadora bolsonarista Antônia Fontenelle fez um comentário pra lá de infeliz sobre a roupa de Janja, a nossa primeira dama, na posse do marido.
“É isso. Isso aqui é a velha-guarda da Imperatriz Leopoldinense”, disse a youtuber, que foi vetada na Marquês de Sapucaí.
Questionada por uma leitora, completou:
“Escola apática, nem fede, nem cheira. É a Imperatriz Leopoldinense. Nem é a velha guarda da Mangueira, da Mocidade ou da Grande Rio“
Conseguiu ofender uma primeira dama e três escolas de samba com uma cajadada só – mas terminou mal, muito mal.
A roupa de Janja – discreta e elegante – era um terninho champanhe de seda assinado pela estilista Helô Rocha, a mesma que fez seu vestido de casamento, com bordado de palhas, em parceria com bordadeiras do Nordeste.
A perseguição contra Janja é algo tão corriqueiro quanto injustificado. Por quê tanto ódio a uma primeira-dama?
Eu arrisco alguns palpites: Janja não veste roupa de marca. Janja não se comporta como um vaso decorativo ao lado do marido. Janja não vem de família rica. É militante nata, mulher forte, mulher das nossas.
Qualquer coisa, portanto, que ela faça, termina em críticas – mas sempre vindas de quem só fala besteira na internet, como é o caso de Fontenelle.
Elegantemente, a primeira-dama não se dá ao trabalho de responder. É assim que agem as pessoas que sabem muito bem quem são.
O que gente burra como Fontenelle não sabe é que toda roupa, na política, traz em si um significado.
O significado da roupa de Janja na posse de Lula vai muito além de beleza ou ostentação: representa a valorização do trabalho regional e o recado tão claro quanto incômodo para os bolsonaristas: Janja não será uma primeira-dama passiva.
“Ela ousou e saiu do comum, fez jus ao que quer imprimir como primeira dama”, escreveu sua personal stylist.
Quem se importa com a opinião de Fontenelle a essa altura do campeonato? Tentou aparecer e conseguiu, no máximo, ser vetada na Sapucaí. E Janja segue forte, elegante e ativa.
Como cereja do bolo, a Imperatriz Leopoldinense acabou de ser a escola campeã no carnaval do Rio de Janeiro.
Essa vitória torna o comentário de Fontenelle ainda mais patético e insignificante.
Perseguir Janja não é e nunca será uma boa ideia porque mulheres de luta não se intimidam facilmente – e as fontenelles da vida vão ter que a engolir.