Uma cena constrangedora marcou o encontro mensal do Conselho Municipal de Transportes e Transito de São Paulo, nesta sexta, 24, no ano em que o prefeito da cidade, Ricardo Nunes, pretende entregar 1,2 mil ônibus elétricos e implantar a tarifa zero para servir de plataforma eleitoral visando sua reeleição em 2024: os membros do CMTT acenderam uma vela e cantaram parabéns a você em homenagem ao secretário dos Transportes, Ricardo Teixeira, que completou um ano sem dar as caras nos encontros.
“Nossa intenção é apontar o descaso da administração com o tema”, comentou com o DCM o conselheiro Antônio Sampaio Amaral, eleito por votação popular e representante da região Oeste no órgão.
No final do encontro, que acontece por live, Sampaio acendeu uma vela, pediu a palavra e destacou a insatisfação dos representantes com a postura do Executivo municipal.
“A exceção do corpo técnico da prefeitura, que de fato se desdobra para contornar o caos do sistema e propor soluções, o comando político não dá a mínima para os debates”, disse.
“Queremos ressaltar a ausência do secretário e também a imoral postura do secretário-adjunto, Alexandre Tunkel, que abre os encontros, deixa a câmera de vídeo ligada e cai fora, sem dar satisfação. Dá bom dia, mas não dá tchau”.
Criado em 2013, o CMTT é a instância que propicia a participação e o controle social das ações voltadas à mobilidade na cidade.
É formado por uma comissão tripartite, com representantes do poder público, operadores dos serviços e usuários – esses eleitos por votação popular.
Segundo Sampaio Amaral, a implantação da tarifa zero nunca sequer foi debatida, revelando que a administração de Nunes não dispõe de dados, tampouco de uma comissão de especialistas para estudar o tema.
“O que está claro é que o governo usa a ideia como uma carta na manga: se avançar, muito bem, caso contrário tudo vai continuar como está”.
A implantação da tarifa zero envolve uma briga com o PSOL, que defende a iniciativa desde a administração da prefeita Luiza Erundina.
Como é a prefeitura que praticamente banca todo o sistema (R$ 7 bilhões dos R$ 12 bi previstos para 2023), falta apenas vontade política para oferecer a todos, indistintamente, esse importante direito constitucional.
Audiência pública na Câmara Municipal
Nesta segunda-feira, 27, às 19h, está agendada uma audiência pública na Câmara dos Vereadores para debater a implantação da tarifa zero, com a presença de especialistas em transporte e do deputado federal Guilherme Boulos, virtual concorrente de Ricardo Nunes na eleição do ano que vem.
A iniciativa é do vereador Toninho Vespoli (PSOL) aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça.
“Essa é uma reivindicação histórica dos movimentos sociais e que agora está sendo comprada pela Prefeitura de São Paulo”, diz Vespoli.
“A secretaria dos Transportes foi chamada, mas adiantou que não vai comparecer. Disse apenas que responderá os questionamentos por escrito”.
Ricardão geralmente rejeita compromissos
O descaso com que o secretário trata as questões relacionadas ao Transporte de São Paulo faz certo sentido se considerarmos que ele conseguiu colocar uma expressão no rol da etimologia da Língua Portuguesa.
Ricardo Teixeira inspirou o termo ‘Ricardão’, que virou sinônimo do amante que rejeita compromisso estável e cujo objetivo é satisfazer sexualmente a mulher descontente com seu companheiro.
Aconteceu quando ele, então técnico do setor de transportes da prefeitura, resolveu colocar bonecos em estruturas elevadas nas marginais para ludibriar e intimidar motoristas desavisados.
Não demorou para as pessoas notarem e começarem a destruir os bonecos, quando o aplique acabou desbaratado e virou meme numa época em que não havia redes sociais nem internet.
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