Escravizados do vinho gaúcho eram torturados com choques e spray de pimenta

Atualizado em 25 de fevereiro de 2023 às 20:29
Ginásio recebe escravizados na produção de vinho no RS, que relatam tortura com choque e gás de pimenta. Imagem: Inspeção do Trabalho

A operação que resgatou 207 pessoas que atuavam em condições de trabalho análogas à escravidão, em uma empresa prestadora de serviço contratada pelas vinícolas Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, em Bento Gonçalves (RS), revelou que os trabalhadores foram vítimas de ameaças e torturas, incluindo o uso de choques elétricos e spray de pimenta.

“O nível de agressão física contra os trabalhadores foi o que chamou mais a atenção”, afirmou o coordenador do projeto de combate ao trabalho escravo da Superintendência Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul, Henrique Mandagará.

A operação teve início na quarta-feira (22), após um grupo fugir de um alojamento sem condições de higiene onde, segundo relataram, sofriam agressões com choques elétricos e spray de pimenta. Mandagará afirma que a fiscalização apreendeu tasers e tubos de spray de pimenta no local. Vigilância armada era usada para garantir que tudo permanecesse desse jeito.

“Um cassetete era usado para manter o portão do alojamento aberto, o mesmo cassetete que depois era empregado para bater nos trabalhadores”, conta o auditor fiscal do trabalho Rafael Zan, que também estava na operação. Ameaças eram frequentes. Alguns trabalhadores foram informados que, caso faltassem por questões de saúde, teriam que pagar todos os custos de transporte desde a Bahia. Isso fez com pessoas trabalhassem mesmo doentes.

A empresa Fênix Serviços de Apoio Administrativo, sediada em Bento Gonçalves, que contratou os trabalhadores, afirmou, em nota à imprensa, que os devidos esclarecimentos serão prestados no decorrer do processo judicial e não compactua com desrespeito aos trabalhadores.

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link