Publicado originalmente no blog do autor
Eduardo Leite voltou a atacar Lula. Em encontro de governadores no Rio, o tucano veio com essa conversa de Rolando Lero:
“Há manifestações que demonstram pouco entendimento do que é governo e do que é Estado. Esse movimento ocorre principalmente por parte do próprio partido do presidente da República, que tem feito ataques frontais ao Banco Central e seus dirigentes”.
Lula, com a sabedoria acumulada, depois de dois mandatos e entrando no terceiro, com 13 anos de PT no poder, é acusado por Leite de não saber o que é governo e o que é Estado.
E continuou no ataque a Lula:
“A autonomia concedida (ao Banco Central) tem uma razão de ser, no ponto de vista macroeconômico, então isso gera sobressaltos. E coloca mais dúvidas sobre certezas”.
O tom do moço é sempre o mesmo. É o raso pernóstico, gongórico e enrolativo. Leite é simplório, é o Zema gaúcho.
Está em situação complicada em meio às reacomodações de direita e extrema direita. Não consegue achar sua turma desde que enfrentou Doria dentro do PSDB, ameaçou ir para o PSD, voltou e virou líder nacional do partido.
O PSDB tem como presidente um político que meio ano atrás ameaçou jogar sua história tucana na sarjeta para concorrer a presidente por outra sigla.
Não saiu de meio traço nas pesquisas, mesmo depois da desistência de Doria, e recuou.
Leite só é governador porque as esquerdas fizeram o que sempre rejeitaram historicamente: votaram por exclusão, para que o Rio Grande do Sul não fosse governado por Onyx Lorenzoni.
As esquerdas finalmente aderiram ao voto útil em 2022. É simples assim. É uma conta básica. O tucano perdeu feio para Onyx no primeiro turno, e no segundo teve os votos que haviam sido de Edegar Pretto e de outros segmentos que não queriam Onyx.
Ninguém deve imaginar que os votos que o salvaram tenham vindo de Marte.
Leite pediu água para Tarso Genro, na campanha do segundo turno, quando se viu em desespero. Esse pedido de socorro é público, foi comentado em entrevistas por Tarso.
O tucano também procurou ou mandou os mesmos pedidos com recados a Olívio Dutra, Manuela D’Ávila e outros líderes que até então considerava inimigos.
Ninguém pediu nada em troca, nem poderia. Leite elegeu-se, com apoio declarado de lideranças progressistas, sem oferecer compensação nenhuma pelos votos de PT, PSOL, PCdoB e de outros contingentes das esquerdas.
Não havia como compor com o ex-bolsonarista dissimulado de 2018. Compor para compartilhar governo? Era mais do que improvável, era impossível.
Mas era preciso, como disse o próprio Lula em campanha em Porto Alegre, evitar a eleição de Onyx.
E Leite se reelegeu, voltou a falar como militante de direita, aplaudiu a venda da Corsan e, como deboche aos que o salvaram, foi a um evento nacional do MBL.
Almoçou com as esquerdas e foi jantar com a extrema direita. Agora, ataca Lula porque precisa se reacomodar em algum espaço que lhe permita disputar o espólio de Bolsonaro.
Um trocadilhista infame diria que Leite pensa ter café no bule para enfrentar Ratinho, Zema, Simone Tebet, Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e outros que já estão na parada.
Mas o que tem é o comando de um partido moribundo. Eduardo Leite é um Doria sem a CoronaVac.