EXCLUSIVO: Chopard, marca das joias para Michelle Bolsonaro, diz que peças são “raras e únicas”

Atualizado em 9 de março de 2023 às 19:02
Fachada da loja da Chopard na praça Vendôme, em Paris. 
Foto: Willy Delvalle

As joias presenteadas pela monarquia saudita à ex-primeira dama Michelle Bolsonaro custam mais de 16 milhões de reais porque, dentre elas, há peças raras e até mesmo únicas. As informações foram obtidas pelo DCM diretamente nas lojas da Chopard, a marca teuto-suíça das joias, em Paris.

O DCM foi até a principal dentre os três estabelecimentos da joalheria na capital francesa. Localizado na praça Vendôme, frequentado por milionários sauditas, o local fica no bairro mais luxuoso da cidade, nas proximidades do Eliseu e da Embaixada dos Estados Unidos.

Passadas as barreiras de segurança, demonstramos pressa e interesse pelas joias para Michelle, cujas imagens mostramos à vendedora que nos acolheu. “Para quem é a joia?”, perguntou. Ela nos convidou primeiro para um tour pela loja, a começar pelo espaço da joalheria masculina, a primeira sede da filial francesa. Fica claro que esse tipo de compra não é para apressados.

Relógio, colar e brincos de luxo vendidos em loja da Chopard em Paris.
Foto: Willy Delvalle

Nas paredes amadeiradas da sala histórica, com relógio da época de Luís XIV, não visualizamos o estojo de Bolsonaro, nem a joia em forma de cavalo que aparece em uma das imagens apreendidas.

As joias expostas fazem parte de um lote de aproximadamente 4 mil unidades fabricadas por ano, na usina localizada na Alemanha. De acordo com a vendedora, a pequena quantidade se justifica pelo trabalho artesanal.

No espaço feminino, é possível ver anéis de casamento e relógios cravejados de diamantes. Perguntamos pelo relógio presenteado a Michelle e a vendedora nos mostrou um modelo próximo, no valor de 500 mil euros (em torno de 3 milhões de reais).

Joias à venda em loja da Chopard visitada pelo DCM.
Foto: Willy Delvalle

Os colares expostos nas vitrines são finos, diferentes do caráter carregado do item destinado à ex-primeira-dama. Perguntamos por ele. “É peça única”, aponta imediatamente a vendedora. Esse tipo de item não é exposto nos espaços “comuns”, abertos ao público. A palavra “abertos” destoa, claro, do esquema de segurança na entrada.

Joias como a destinada a Michelle são expostas em uma sala reservada, que a vendedora nos mostra de fora por alguns instantes. Não somos autorizados a entrar no local, mas podemos vê-lo por meio da porta entreaberta. Uma sala branca, especialmente climatizada, com um funcionário à parte. Para entrar neste local, é preciso reservá-lo.

Joias com safira e diamantes vendidas em loja da Chopard. Ao fundo, na porta entreaberta, a sala reservada. Foto: Willy Delvalle

Uma hipótese, portanto, é que o colar de Michelle tenha sido comprado nessas condições, numa das sete lojas da Chopard na Arábia Saudita, provavelmente por um emissário da monarquia.

Trata-se nesse caso de um grande empenho não apenas pelo valor financeiro, mas também simbólico, dado o investimento de tempo da reserva do espaço à escolha da joia.

A segunda hipótese para entender as circunstâncias da compra das joias pela realeza saudita aos Bolsonaros vem de uma segunda visita da nossa reportagem às lojas da Chopard, desta vez na Galerie Lafayette, emblemático shopping parisiense.

Na loja da Chopard, mostramos o estojo presenteado a Bolsonaro, com relógio, caneta e outros itens que a vendedora não reconhece. “São peças excepcionais, podem ter sido feitas por encomenda”, acredita. Ela nos disse que se não a encontramos na loja principal, não a encontraremos em lugar nenhum.

No caso de um cliente que deseja peças únicas, seu pedido se dirige aos criadores, que concebem as peças exclusivas em Genebra, Suíça, sede da empresa. O colar para Michelle, o cavalo e o estojo de Jair podem se enquadrar numa encomenda desse tipo.

De fato, nenhum estojo como o recebido por Bolsonaro aparece para venda nas vitrines das lojas que visitamos. Na loja principal, a vendedora estranha completamente a joia em forma de animais, reforçando a tese de uma série especial.

O fato de não encontrarmos quase nenhum item idêntico ao das joias dos Bolsonaros reforça sua excepcionalidade, seu valor e a ideia de que sua compra foi particularmente motivada pela monarquia saudita, que quis fazer agrados exclusivos em escala mundial. Resta a saber os motivos de tal empenho e de tanto apreço. Assim como a origem dos minérios.

Nada mais simbólico do que presentear os Bolsonaros com minérios exclusivos.

Joias enviadas pela Arábia Saudita seriam um presente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Foto: Reprodução