Messianismo e cambalacho: os casos de Bigode e Sheik explicam o que é o bolsonarismo. Por Luan Araújo

Atualizado em 13 de março de 2023 às 22:47
Willian Bigode e Jair Bolsonaro, em 2018. Reprodução

A gente sabe que o bolsonarismo é uma seita que usa muitos termos e atitudes dogmáticos para angariar seguidores. E estes seguidores, para tristeza de toda a sociedade e azar de alguns mais ingênuos, como o aparentemente esclarecido meia Gustavo Scarpa, ex-jogador do Palmeiras e hoje no Nottingham Forest (ING) e o lateral Mayke, ainda palmeirense, que caíram em um golpe de uma empresa de pirâmide induzido pelo ex-colega de ambos Willian Bigode, hoje no Fluminense.

Willian, jogador de vida discreta, mas muito religioso, postou na véspera do dia do segundo turno das eleições uma foto com toda sua família vestida de verde e amarelo e pedindo votos para Jair Bolsonaro. Típico. Bolsonarista como ele, era o seu amigo e empresário Gabriel de Souza Nascimento, dono da Xland Holding Ltda, cuja orientação da WLJC, empresa de Willian, fez Scarpa e Mayke aplicarem 6 e 4 milhões de reais, respectivamente, em uma verdadeira furada.

A forma como os dois jogadores caíram no suposto esquema de criptomoedas é bem surreal e mostra como é fácil as pessoas caírem em promessas fáceis. E é bem típico do bolsonarismo, que apresentou em 2018 uma solução fácil para a política brasileira. 57 milhões de brasileiros caíram igual patos.

 

Quando percebeu que tinha caído numa cilada, Scarpa questionou Willian, que respondeu em um aplicativo de mensagens “Scarpinha, agora é orar, fazer o que eu sei”. E é isso que o bolsonarismo fez com o Brasil nestes quatro anos. Vendeu uma ilusão para incautos para não entregar absolutamente nada em alguns casos e a barbárie na maioria dos outros. Resultou em explosão de feminicídios, estupros, mortes por arma de fogo e por Covid-19.

Marcel Siqueira, sócio de Willian na empresa se vende como “mentor financeiro” de atletas, coach e pastor. Você olha essa descrição e automaticamente já ficaria desconfiado? Meus parabéns, você não cairia em algum esquema desses. Se salvaria. Scarpa e Mayke não podem falar o mesmo.

Mas não só de cambalachos messiânicos vivem os jogadores e ex-jogadores bolsonaristas. Na última sexta-feira (10), Emerson Sheik, com quem Willian Bigode coincidentemente formou dupla de ataque no Corinthians entre 2011 e 2012, foi denunciado pela Justiça do Rio de Janeiro por ter ajudado o bicheiro Bernardo Bello a lavar dinheiro.

Sheik ocultou os valores da venda de uma cobertura sua na Barra da Tijuca para ajudar seu amigo a lavar dinheiro oriundo de jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis.

E o bolsonarismo, apoiado pela maioria dos jogadores de futebol de elite no Brasil, é mais ou menos isso mesmo. A venda de terreno na Lua de uma maneira messiânica ou o cambalacho puro e simples. Mas sempre pensando só no interesse próprio.

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