Em uma ação inédita, Brasil e China vão assinar um compromisso para combater a fome e a pobreza extrema. O acordo ainda prevê a construção de uma aliança nos organismos multilaterais para colocar o tema na agenda internacional, segundo o colunista Jamil Chade, do UOL.
O acordo será assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante sua visita ao líder chinês, Xi Jinping. Com o entendimento, os dois países devem designar áreas prioritárias para lidar com a fome e a pobreza.
O acordo prevê uma cláusula para a colaboração multilateral, inclusive na construção de uma aliança contra a fome.
Do lado do Brasil, a missão ficará com os Ministérios do Desenvolvimento Social e do desenvolvimento Agrário. Um primeiro encontro entre ministros já está programado para as próximas semanas.
No Itamaraty, o gesto tem como objetivo reposicionar o Brasil no debate internacional, justamente em um tema que retornou ao centro da agenda diante da guerra na Ucrânia.
O texto do acordo com a China é a primeira formulação concreta de uma ideia que já vinha sendo citada por Lula. Antes mesmo de assumir a Presidência, durante a Cúpula da ONU para o Clima, no Egito, Lula falou da sua vontade de costurar uma aliança contra a fome.
A parceria com a China não é por acaso. Atualmente, o chinês Qu Dongyyu é quem comanda a FAO, a agência da ONU para Alimentos e Agricultura. O Brasil deu seu apoio para a reeleição do dirigente chinês ao cargo em Roma e Lula chegou a se reunir com a agência em Buenos Aires. A FAO, portanto, seria um instrumento central para a aliança.
Além disso, o país asiático foi o primeiro a atingir as metas da ONU de reduzir pela metade o número de pessoas vivendo em extrema pobreza.