Para ser nomeado Procurador-Geral da República, em 2019, Augusto Aras encenou uma abjeta conversão ao bolsonarismo. No cargo, cumpriu o papel que se esperava dele. Foi cúmplice, por leniência e acobertamento, dos crimes do então presidente. Colocou como vice uma extremista ideológica, a procuradora Lindôra Araújo.
Desde que Bolsonaro foi derrotado, porém, Aras tenta se repaginar. Adota posturas menos retrógradas, lembra às vezes que existe uma Constituição, escanteia Lindôra, faz acenos ao novo governo.
Sonha em ser reconduzido ao cargo, para servir a um novo amo. Um camaleão. Um oportunista.
O espantoso não é que exista gente assim. É que não se preocupem em esconder. Parece que fazem questão de ostentar: estou aqui para prevaricar por qualquer um que me ofereça vantagens.
? "Democracia eu te amo, eu te amo, eu te amo", diz Aras em abertura do STF ? pic.twitter.com/rXyzn0hIdL
— UOL Notícias (@UOLNoticias) February 1, 2023
No governo, há quem defenda a recondução de Aras. Parece que acham útil ter um sabujo na PGR.
Não é boa ideia, por dois motivos.
O motivo pragmático: Aras esteve com Bolsonaro, quer estar com Lula, mas, se farejar vantagens, estará com um golpista qualquer venha por aí.
O motivo de princípios: Lula faz certo em recusar a pressão corporativa que exige a nomeação do mais votado na consulta da associação de procuradores, mas para adotar uma conduta efetivamente republicana.
Deve buscar um nome comprometido com seu programa de governo (em favor da igualdade, de extensão e proteção de direitos), com a democracia e a Constituição – não um lacaio ou um assecla.