Homem é resgatado de trabalho escravo em Nova Iguaçu (RJ): “Foi bom dormir numa cama”

Atualizado em 28 de março de 2023 às 21:57
Homem é encontrado trabalhando em condições análogas à escravidão. Foto: Reprodução

A Guarda Ambiental de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (RJ), encontrou na tarde de segunda-feira (27) um homem de 51 anos trabalhando em condições análogas à escravidão. O órgão havia sido chamado para verificar uma denúncia de criação irregular de porcos em uma propriedade rural em Carlos Sampaio. A informação é do Extra.

O homem trabalhava em troca de abrigo e se alimentava da mesma comida que era servida aos porcos. O proprietário da criação legal foi levado à delegacia e preso em flagrante.

“Fomos chamados para verificar uma denúncia de criação ilegal de porcos e encontramos esse senhor deitado num colchonete. Ele explicou que trabalhava cuidando dos porcos e não recebia nada, era apenas em troca do abrigo. Vivia sem banheiro, só um buraco no chão, e sem água. Ele bebia água do curso d’água próximo. Ele comia a mesma lavagem que dava aos porcos, as condições eram péssimas”, contou Carlos Januzzi, coordenador operacional da Guarda Ambiental de Nova Iguaçu.

Após quase dois anos, tempo que permaneceu na propriedade em que foi encontrado, o senhor foi encaminhado para o abrigo Centro de Acolhimento da Rede Sócio Assistencial do município.

Comida servida ao trabalhador era a mesma entregue aos porcos. Foto: Reprodução

“Não tomava banho de chuveiro havia mais de um ano. Lá, era só banho de balde com a água que pegava num vizinho. Foi bom dormir numa cama e tomei café com pão e manteiga. Me senti mais digno”, afirmou o senhor.

O pedreiro disse que se assustou com a chegada de homens da patrulha ambiental do município. Os guardas o encontraram deitado em cima de um velho colchão, armado sobre três engradados plásticos, numa espécie de cama improvisada.

Durante a chegada dos patrulheiros, o homem disse ter pensado que se fosse preso teria o que comer e beber.

“Tinha vez que eu não fazia nenhuma refeição. Então, comia da comida que era servida aos porcos. Pegava um pouco pra mim dos restos de frutas, legumes e arroz. Só tinha comida mesmo se eu conseguisse fazer um biscate e comprasse alguma coisa. Onde estava não recebia nada. Quando eles chegaram [patrulheiros ambientais] pensei que fosse ser preso, mesmo sem ter cometido nenhum crime. Fiquei com medo, mas pensei que se isso fosse acontecer eu terei um lugar para onde comer e beber”, relatou.

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