Além das joias da ditadura da Arábia Saudita, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou com outros 94 presentes recebidos ao longo de seu governo antes mesmo de os itens serem avaliados pela equipe do patrimônio histórico do Palácio do Planalto.
De acordo com documentos obtidos pelo jornal O Globo, a prática adotada pelo ex-chefe do Executivo quando decidia ficar com as peças era pedir à sua equipe que elas não fossem catalogadas, o que possibilitava apenas um registro genérico.
Nos casos dos itens que, por ordem de Bolsonaro, não passaram pelo procedimento padrão de análise, os funcionários do Palácio do Planalto escreviam apenas que “não foi possível detalhar a descrição da peça, uma vez que a mesma foi entregue diretamente ao presidente, a pedido do mesmo, sem passar por este GADH”.
Entre os itens com essa descrição conta uma espingarda da marca Typhoon Defense, semi-automática, de calibre 12. O preço da arma gira em torno de R$ 2.531 a R$ 3.544. O ex-capitão também recebeu dois carregadores, uma bandoleira e um kit de manutenção, além de uma caixa de 25 unidades de cartuchos de munição.
O mesmo procedimento foi adotado pelo ex-mandatário ao levar para a casa um assento massageador da marca “Shiatsu PRO”, que custa cerca de R$ 1 mil. Ele ainda incorporou ao seu patrimônio privado canetas que custam até R$ 6 mil cada.
Bolsonaro ficou com dois troféus, um deles na cor dourada, com uma amostra de pedras ametistas, uma variedade de quartzo muito usada como ornamento e um busto do jogador de futebol Mané Garrincha. Outra escultura apropriada pelo ex-capitão é uma representação do Arcanjo Miguel, além de duas outras de metal.
Os técnicos do Planalto também catalogaram incorretamente um quadro recebido pelo ex-presidente. Neste caso, eles escreveram apenas que o objeto era “trabalhado em tons de marrom” e que, “sobre a moldura, área inferior, contém uma peça retangular de metal prateado com inscrição gravada”.