A reunião entre o ministro Alexandre de Moraes e parlamentares da Câmara Legislativa do Distrito Federal teve lição de moral do magistrado sobre o argumento de que ocorreu um apagão no dia 8 de janeiro e um mal-estar sobre o acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. As informações são da Folha de S.Paulo.
Em 29 de março, uma comitiva de deputados distritais foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir a Moraes que compartilhasse provas obtidas pela Corte com a CPI dos Atos Antidemocráticos, aberta pela Câmara Legislativa do DF em fevereiro.
Os parlamentares consideram o encontro crucial pelo fato de Moraes ter concordado em compartilhar as informações que não exigem sigilo.
A agenda, porém, foi encerrada depois que a deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania) defendeu pessoas que estavam acampadas no QG do Exército. Segundo relatos, Moraes reagiu de forma enfática e disse ser crime pedir o fim do Estado Democrático de Direito e que aqueles que acamparem de novo em frente a quartéis pedindo intervenção militar devem ser presos.
Após o encontro, parlamentares de diferentes partidos fizeram elogios a Moraes e destacaram sua prestatividade. “Eu quero ressaltar aqui de forma pública a maneira cortês, por que não dizer, muito urbana, com que o ministro… Até o carinho que teve com todos nós”, disse o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT), em 30 de março.
De acordo com os deputados, o ministro rebateu a fala do relator da comissão, o deputado e policial militar Hermeto (MDB), de que o ataque às sedes dos Três Poderes foi resultado de um apagão generalizado nos governos federal e do DF.
“Ele [Moraes] falou: ‘Eu no comando de uma operação dessas, com 50 homens do choque, com os escudos, com o armamento à altura do que precisaria ali, não teriam acontecido aqueles atos'”, contou Vigilante na CPI depois da reunião com o magistrado.
“O ministro Alexandre de Moraes foi muito solícito com esta CPI. Eu achei muito interessante. Inclusive ele disse que até acompanha a CPI, quando pode. Ele falou do inocente útil. É aquele cidadão que foi para lá recrutado, não sabia nem mais ou menos, mas vai ser punido”, afirmou o deputado.
Segundo relatos, Moraes também elogiou a colaboração do Exército com as investigações e a postura do Superior Tribunal Militar (STM) por não ter se oposto à decisão de o STF julgar os militares que participaram do ataque às sedes dos Três Poderes.