Fentanil já é encontrado misturado a outras drogas no Brasil

Atualizado em 8 de abril de 2023 às 17:00
Maconha sintética, vendida em pinos como os em que se acondicionam cocaína, apreendida pelo Denarc em outubro de 2022. Divulgação/Denarc/Polícia Civil

O fármaco fentanil, utilizado para sedações em situações de cirurgias e no trato de dores extremas, está sendo encontrado misturado com outras drogas no Brasil. A informação é da Folha de S. Paulo.

O anestésico já preocupada os Estados Unidos há anos. Por lá, é misturado à heroína e vendido puro no lugar desta, por ser mais barato. No Brasil, tem sido encontrado associado ao k2, uma espécie de maconha sintética que ainda chama a atenção das autoridades, e à cocaína.

De 50 a 100 vezes mais potente do que a morfina, o fentanil é uma substância opioide, ameaçadora tanto pela dependência que pode causar quanto pelo risco de morte.

A Polícia Civil do Espírito Santo encontrou, em fevereiro, 31 ampolas desviadas do anestésico, que tem o nome técnico de citrato de fentanila. Essa foi a primeira apreensão da substância no Brasil, mas pesquisadores e investigadores já vinham identificando ela anteriormente.

“Tivemos um caso de intoxicação neste ano em que foi encontrado canabinóide sintético e fentanil na amostra de sangue do paciente”, relata o coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp, professor José Luiz da Costa.

Em São Paulo, o fentanil já é apreendido há mais de uma década. Entre 2020 e 2022, 1.229 frascos da substância, totalizando 12,2 litros, foram apreendidos pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). O fármaco é encontrado normalmente em estado líquido, mas pode se tornar sólido ao ser esquentado.

O professor José Luiz da Costa relata ter atendido neste ano diversas pessoas que se mostraram surpresas ao terem fentanil detectado no sangue. Quando isso acontece, os profissionais questionam se o paciente passou por um processo de sedação para ser intubado, o que geralmente é negado.

“A hipótese que nós temos é que isso está sendo misturado nas drogas, porque as pessoas estão chegando aqui usando fentanil, mas não confirmam esse consumo, e sim de outras drogas”, explica o toxicologista.

Maconha sintética apreendida no sistema carcerário em SP, em 2018, conhecida pela polícia como k4. Imagem: Divulgação/30nov.2018/SAP
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