Neste fim de semana, dois casos de racismo em unidades do grupo Carrefour trouxeram a rede de supermercados de volta ao noticiário. Os episódios geraram fortes críticas, incluindo do presidente Lula, que afirmou que o país “não vai admitir” que eles voltem a acontecer.
A professora Isabel de Oliveira foi perseguida por um segurança em Curitiba (PR) e voltou seminua ao local para protestar.
No mesmo fim de semana, Vinicius de Paula, marido da jogadora de vôlei Fabiana Claudino, foi alvo de racismo em uma unidade do gruo. Ele estava em uma loja de Alphaville (SP) e pediu para ser recebido por uma atendente em caixa preferencial que estava vazio. A funcionária recusou, alegando que poderia receber multa, mas atendeu mulher branca que foi ao espaço na sequência.
Os casos recentes não são isolados. Em 2021, um homem negro foi assassinado em uma unidade da rede Carrefour em Porto Alegre (RS). João Alberto Silveira Freitas (40) foi espancado até a morte por seguranças após uma suposta discussão.
Três anos antes, em 2018, Luís Carlos Gomes, um homem negro e deficiente físico, foi espancado no banheiro de uma unidade de São Bernardo do Campo (SP) por abrir uma cerveja dentro da unidade. Mesmo alegando que pagaria elo produto, ele foi abordado e perseguido pelo gerente da unidade e um dos seguranças.
Testemunhas ligaram para a polícia e uma viatura chegou ao local cerca de 30 minutos depois. Ele foi encaminhado para um hospital e não foi constatada nenhuma fratura. A vítima registrou boletim de ocorrência.
O caso de racismo mais antigo registrado em unidades da rede é de 2009, quando os funcionários da um supermercado espancaram Januário Alves de Santana, um homem negro. A alegação da empresa foi de que ele estaria tentando roubar um carro, mas o veículo era da própria vítima.
Outros casos de descaso e violência
Além dos casos de racismo, a rede de supermercados já agiu com descaso e violência em diversos outros episódios. Em 2020, Moisés Santos (53), um promotor de vendas do Carrefour morreu enquanto trabalhava em Recife (PE) e seu corpo foi escondido com guarda-sóis.
Seu corpo ficou no local por cerca de quatro horas até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML).
No ano anterior, em 2019, a a empresa foi acusada de controlar a ida de empregados no banheiro. A Justiça do Trabalho de São Paulo concedeu uma liminar a pedido do Sindicato dos Comerciários de Osasco e Região contra a empresa por identificar condições degradantes contra os trabalhadores.
Segundo a entidade, operadores de atendimento eram obrigados a fazer “filas eletrônicas” para organizar as idas ao banheiro e ainda avisar superiores para explicar a necessidade do uso.
“Este tempo de espera pode acarretar prejuízos à saúde do trabalhador. Isto sem relatar o constrangimento de precisar explicar ao monitor/supervisor as suas necessidades fisiológicas, eventuais problemas intestinais ou estomacais, os relativos ao ciclo feminino”, afirmou a juíza na decisão.
Em dezembro de 2018, um cachorro foi vítima de funcionário do supermercado. Em Osasco (SP), um cão que estava no estacionamento foi espancado e envenenado. A unidade teria uma visita de supervisores e o dono da filial pediu ao segurança que desse “um fim” no animal.
O funcionário agrediu o cachorro e deu chumbinho no meio de uma fatia de mortadela. O animal foi resgatado ensanguentado e ainda com vida, mas morreu durante atendimento em clínica veterinária particular.