Desde que os ex-bbbs Viih Tube e Eliezer descobriram-se pais da pequena Lua, ele não cansa de posar de pai do ano. Mostrando todos os detalhes – do parto à amamentação – nos stories de seu Instagram, ele chegou a dizer em entrevista que sua vida começou com a paternidade.
A superexposição da filha também já começou, aliás mesmo antes da criança nascer: o bebê já tem um Instagram próprio com milhares de seguidores e algumas publicações.
Tudo bem, tem gente que gosta de expor a própria intimidade na internet sem qualquer limite.
Mas quando isso envolve bebês e crianças, eu me incomodo de forma muito particular: educar crianças sob os holofotes não foi invenção de Eliezer, e quem sou eu pra dizer como as pessoas devem criar seus filhos?
Acontece que, em meio a tanta exposição, o pai do ano escorregou e disse que “o cheiro do leite materno é azedo.” “A casa toda tá com um cheiro ferrado!”, disparou, enquanto a companheira amamentava o bebê.
Afora a exposição desnecessária, uma premissa ainda mais absurda: o incômodo perante o cheiro do alimento de sua cria. Alimento este que sai – dolorosamente, é bom dizer – do corpo da mulher que você ama.
Que deselegante. Dizer na internet que sua casa e sua mulher estão com cheiro de azedo, em vez de partilhar com ela a emoção de alimentar pela primeira vez um filho, é, no mínimo, de uma insensibilidade abissal.
Para além disso, que ingenuidade: a maternidade (e a paternidade, quando bem exercida) vai muito além de um inocente cheiro de azedo.
É entrega, por vezes solitária e dolorosa; é sacrifício, amor incondicional e muita, muita paciência para criar um ser humano.
E a essa altura você pode dizer – como bem já disseram – que não sou mãe, e portanto não tenho lugar de fala.
E isso é verdade, a mais pura verdade: eu escolhi não ter um bebê pra expor no Instagram como um bibelô, justamente por saber dos desafios e dessabores da maternidade.
Ter um filho – sobretudo neste mundo e neste país – é um ato de extrema coragem, mesmo pra quem tem dinheiro a rodo pra terceirizar o cuidado da cria.
Não duvido, no entanto, do poder de uma criança pra trazer sensibilidade ao paizão: que Eliezer aprenda com os dias – caso consiga, diferente de muitos, encarar de fato a paternidade – que a amamentação é um momento sublime e delicado, um momento de amor e união, e não de reclamar na internet do tal “cheiro de azedo”.