O ex-presidente Jair Bolsonaro está ensaiando um discurso de vítima para o processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode levar à sua inelegibilidade. Segundo seus aliados, ele está inconformado com o caso e avalia que a ação é política. A informação é da Folha de S.Paulo.
Ele quer passar a imagem de “vítima do sistema” e recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) se a pena for confirmada na corte eleitoral. Reverter a decisão pode ser mais difícil do que conseguir um placar favorável no TSE, segundo aliados de Bolsonaro.
Um grupo de políticos próximos ao ex-presidente acredita que o Supremo pode ficar sensível a críticas de que tirá-lo da eleição seria agir politicamente e deixá-lo na disputa. Outros apontam que quando o ministro Alexandre de Moraes tiver deixado a presidência do TSE seria mais fácil entrar com um recurso.
Bolsonaro continuará tentando reverter o cenário e não quer indicar um sucessor, o que seria visto como se render. A Procuradoria Eleitoral já deu um parecer favorável para que ele perca o direito de se candidatar pelos próximos oito anos e o julgamento na corte eleitoral pode acontecer ainda em abril.
A defesa do ex-presidente defendeu a nulidade do processo, alegando que uma reunião realizada com embaixadores em julho do ano passado não tem relação com os ataques terroristas de 8 de janeiro. Os advogados de Bolsonaro também argumentam que ele sequer estava no Brasil na data do episódio.
O essencial, segundo interlocutores de Bolsonaro, seria se o julgamento ocorresse no próximo semestre, quando eles acreditam que o clima político estará menos tenso e os atos golpistas devem ser esquecidos. A expectativa no TSE, no entanto, é que o caso seja julgado nas próximas duas semanas.