Parlamentares governistas estão disputando cargos-chave na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas com bolsonaristas. A base do governo na Câmara dos Deputados e no Senado Federal quer usar o colegiado para mirar no ex-presidente Jair Bolsonaro e não descarta sua convocação para depor. A informação é do jornal O Globo.
Os aliados da gestão petista querem que o relator da CPMI seja o senador Renan Calheiros (MDB-AL), enquanto o bloco de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, tentam emplacar o nome de André Fufuca (PP-MA).
A relatoria da comissão é um posto estratégico que permite a condução dos rumos dos trabalhos, definindo o plano de apuração, a previsão de pessoas convocadas e convidadas e as linhas de investigação.
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que apresentou um pedido de CPI na Câmara para apurar os ataques terroristas, diz que Bolsonaro é “o principal interessado e articulador” da invasão da Praça dos Três Poderes na data.
“Oito de janeiro foi uma tentativa de golpe articulada pela ultra direita após a derrota eleitoral. Desde a tentativa de impedir a diplomação, com ataques inclusive à sede da PF em Brasília, a minuta do golpe para depor o TSE e as concentrações consentidas por generais golpistas nos quartéis . O principal interessado e articulador foi Bolsonaro. Terá de depor na CPMI”, afirma.
Rui Falcão e Jilmar Tatto, ambos do PT, também avaliam que Bolsonaro deve ser um dos convocados pela comissão. Na lista de alvos dos pistas também estão Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, e os financiadores dos atos golpistas.
Omar Aziz (PSD-AM), que foi presidente da CPI da Covid, diz que Torres e Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), devem ser os primeiros a serem ouvidos pelo colegiado.
Para Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros “seria o melhor” para a relatoria da comissão. Lindbergh Farias (PT-RJ) e André Janones (Avante-MG) são outros dois parlamentares governistas que querem compor o colegiado.
Para o bloco de Lira na Câmara, que conta com os partidos PP, União Brasil, PDT, PSDB, Cidadania, Solidariedade, Avante, Patriota e PSB, o objetivo é dar a relatoria a André Fufuca.