Joias sauditas: servidora do Planalto diz à PF que Michelle recebeu 2º pacote em mãos

Atualizado em 25 de abril de 2023 às 22:06
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o segundo kit de joias sauditas. Foto: Reprodução

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebeu em mãos o segundo kit de joias enviada pelo governo da Arábia Saudita. O conjunto, que entrou ilegalmente no Brasil, foi entregue a ela em 29 de novembro de 2022 no Palácio da Alvorada e conferido pessoalmente pelo então presidente Jair Bolsonaro. A informação é do Estadão.

Uma funcionária do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH) que atuava no setor durante a gestão de Bolsonaro relatou o caso à Polícia Federal em depoimento. O conjunto foi estimado em US$ 500 mil (cerca de RS 2,5 milhões) na época. Ele contém um relógio da marca Chopard, que custa cerca de R$ 800 mil, uma caneta, um anel, um par de abotoaduras e um rosário, todos em ouro cravejado de diamantes.

Marjorie de Freitas Guedes, ex-coordenadora do GADH entre outubro de 2020 e janeiro de 2023, disse à PF que tomou ciência da existência dessas joias em outubro de 2021, através de um processo aberto no sistema usado para registrar trâmites relacionados ao acervo. Conforme ela, era incomum a abertura desse tipo de processo antes do recebimento dos presentes.

Segundo ela, este procedimento administrativo ficou parado até novembro de 2022, quando o então coordenador-geral do GADH, Erick Moutinho Borges e chefe direto dela, informou que o órgão receberia uma caixa com joias dadas ao presidente.

O kit foi trazido ao Brasil pela comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em outubro de 2021. Mais de um ano depois, segundo a servidora, o coordenador-geral do GADH, Erick Moutinho Borges, informou que o conjunto chegaria ao departamento para ser incorporado ao acervo do ex-presidente.

A caixa foi entregue por assessores do Ministério de Minas e Energia (MME) e recebida pela funcionária, junto de Erick e do museólogo Raniel Fernandes. Após a avaliação do valor das joias, o chefe do departamento, Marcelo Vieira, informou que o conjunto deveria ser entregue ao Palácio da Alvorada por razões de segurança.

Um servidor do Alvorada foi até o Palácio do Planalto buscar a caixa. O pastor Francisco de Assis Castelo Branco, braço-direito de Michelle e responsável por administrar a residência oficial, entrou em contato com a funcionária e disse que ” a caixa com as joias já estava na posse da primeira-dama”.

Os presentes ainda tinham cadastro prévio antes de chegarem ao Brasil. A servidora do GADH afirmou à PF que a comitiva de Bento Albuquerque informou que o MME enviaria um “cavalo de ouro” ao então presidente e não mencionou as joias.

O item foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos e transportava joias estimadas em cerca de R$ 18 milhões. A servidora diz que nunca havia se deparado com uma situação semelhante, em que um presente é cadastrado antes para “alertar a futura chegada de um presente ao presidente da República”.

Segundo ela, esses processos costumam ser lançados no sistema eletrônico após a chegada dos itens no país. O cadastro do “cavalo de ouro” ficou parado por mais de um ano, já que foi apreendido pela Receita.

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