Punição do COB à CBV e a Wallace mostra que vôlei é obrigado a se distanciar do fascismo. Por Luan Araújo

Atualizado em 2 de maio de 2023 às 17:26
Jogador de vôlei Wallace Leandro
Foto: Reprodução

O Conselho de Ética do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) aplicou uma punição extrema à CBV, Confederação Brasileira de Vôlei. O motivo? A permissão que a entidade deu para que o atleta Wallace, do Sada/Cruzeiro, disputasse a final da Superliga Masculina, em que sua equipe se sagrou campeã após vencer o Minas, na cidade de São José dos Campos.

O jogador havia sido suspenso por 90 dias pelo comitê por uma postagem incitando, com uma arma, atos violentos contra o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), à pedido da Advocacia Geral da União (AGU).

A decisão foi contundente. A CBV por seis meses deixa de ser uma confederação filiada ao COB, e pediu para que o Banco do Brasil corte o patrocínio à modalidade e que o Ministério do Esporte corte o repasse dado à entidade. Wallace foi suspenso por um ano do Sada/Cruzeiro e por cinco anos da Seleção Brasileira e Radamés Lattari, presidente em exercício da CBV, por um ano.

A decisão atinge em cheio, moral e financeiramente, o vôlei brasileiro, mas foi necessária. A CBV, entidade que vem passando pano para atitudes de jogadores, treinadores e dirigentes alinhados à extrema-direita há muito tempo. A própria entidade, aliás ao mesmo tempo, denunciou e multou Carol Solberg, jogadora de vôlei de praia, por uma declaração contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em setembro de 2020. Rigor esse nunca visto com quem era alinhado com o bolsonarismo.

Em torneio em 2018, o atleta, junto de seu ex-companheiro e hoje deputado bolsonarista Maurício Souza, tirou uma foto fazendo o número 17, o da campanha de Bolsonaro, com as mãos. Meses depois, Bolsonaro, já eleito, extinguiu o Ministério do Esporte. E Wallace foi muito criticado.

Quando Ana Moser, capitã da seleção feminina nas décadas de 1980 e 1990, assumiu o Ministério do Esporte, em janeiro deste ano, a Confederação não enviou representantes para sua posse e nem postou nota dando os parabéns para a ex-atleta. Tratamento inverso dado à terceira-líbero reserva do Osasco e bolsonarista Key Alves, uma jogadora irrelevante que recebeu afagos em postagens da CBV nas redes sociais, mesmo após atos de racismo e intolerância religiosa na edição deste ano do “Big Brother Brasil”.

O vôlei brasileiro flertou e normalizou o fascismo por décadas. Agora, com uma punição exemplar vinda do COB, paga um alto, mas necessário preço. O segundo esporte dos brasileiros precisa ser de todos e não de um grupo que é antidemocrático e raivoso.

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