Jair Bolsonaro enganou o país que diz amar e para o qual até prestou continência: os EUA. Se fez isso com o Brasil, onde nasceu, por que não com o lugar onde queria ter nascido?
A comitiva do sujeito entrou nos nos Estados Unidos, um dia antes de terminar o mandato, com certificado de vacina falso.
É crime federal por lá: forjar informações em cartão de vacina para entrar em solo norte-americano pode render 10 anos de prisão.
Os pré-requisitos estabelecem que “viajantes aéreos não-cidadãos e não-imigrantes deverão estar totalmente vacinados e devem fornecer prova de status de vacinação antes de embarcar”. Não há diferenciação entre cidadãos e chefes de Estado.
Bolsonaro se enquadrava na lista de pessoas que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) americano permitia o ingresso sem comprovação de vacinação completa.
O texto não menciona regras especiais para chefes de Estado, mas considera a exceção para “pessoas em viagem diplomática ou em viagem oficial”. Bolsonaro viajou em um avião da FAB, não em um voo comercial, e o cartão de vacina não foi exigido por autoridades estadunidenses.
O site da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil atesta que quem usar documentos falsos para adentrar o país “não receberá o benefício imigratório”, com consequentes multas ou prisão.
O episódio pode ser qualificado como crime de imigração porque a suspeita é de que Bolsonaro cometeu a fraude ainda no Brasil. Nesse caso, poderia pegar até 10 anos de cana com base na legislação dos amigos da terra de Trump.
Em março, ao regressar ao país, Bolsonaro se derramou em elogios aos Estados Unidos. “Tudo lá é o que queremos implementar aqui também: a liberdade de expressão, propriedade privada, a questão da criminalidade, o legítimo direito à defesa. O que é mais importante? É liberdade para trabalhar, se expressar. Não o Estado que incha para fazê-lo crescer”, falou.