Relatórios de Moro comprovam participação do FBI na Lava Jato

Atualizado em 4 de maio de 2023 às 23:12
Sergio Moro com expressão de espanto
O ex-juiz Sergio Moro – Agência Brasil

Os relatórios oficiais das viagens feitas por Sergio Moro (União) quando ele ainda era ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL) comprovam a participação do FBI (Federal Bureau of Investigation) na operação Lava Jato.

Entre os dias 17 e 20 de março de 2019, o ex-juiz esteve em Washington, fazendo parte da visita presidencial aos Estados Unidos. Na agenda, estavam “reuniões e encontros com autoridades governamentais dos Estados Unidos”.

No dia 18, duas de suas seis atividades foram dedicadas a encontros com membros do FBI, além de uma com representante da CIA. De acordo com o relatório do senador, ao meio-dia daquela segunda-feira, o FBI, através da “chefe de operações internacionais”, Rhouda Fegali, ofereceu um almoço para o paranaense.

O documento faz a primeira menção à participação do FBI no Brasil com os agradecimentos de Moro aos “trabalhos já realizados”. Às 17h daquele dia, ele se reuniu com o diretor Christopher Wray.

Agentes do FBI de costas e andando
Agentes do FBI participaram das investigações da Lava Jato – Reprodução

Pelo relato do ex-juiz, o FBI destacou “uma equipe para ficar à disposição do Brasil para os trabalhos”: “A Diretora do DRCI agradeceu o FBI os trabalhos levados a cabo para a operação Lava Jato, ressaltando a importância da iniciativa de terem destacado uma equipe para ficar à disposição do Brasil para os trabalhos, momento em que os norte-americanos expressaram a relevância da operação para o Brasil e para vários países da América Latina”.

De acordo com informações da Agência Sportlight, o DRCI ao qual ele se refere no relatório é a “diretoria do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional”, parte do Ministério da Justiça.

A parceria FBI/Lava Jato começou em 2014. Nos anos seguintes, tiveram como foco a Odebrecht e a Petrobras. Em 2018, o site Conjur revelou que a agente do FBI, Leslie Backschies, teria tido participado efetivamente nas investigações da operação. Já em 2020, o The Intercept Brasil e a Agência Pública trouxeram à tona a atuação de 12 agentes do FBI nas investigações, que trabalharam lado a lado com a PF e a força-tarefa de Curitiba do MPF.

Em julho daquele ano, perguntados sobre a parceria entre FBI e Lava Jato pela reportagem da Agência Pública e The Intercept Brasil, os representantes da força-tarefa de Curitiba negaram as informações.

“Não se trata de atuação em parceria, mas de cooperação entre autoridades responsáveis pela persecução criminal em seus países, conforme determinam diversos tratados internacionais de que o Brasil é signatário. O intercâmbio de informações entre países segue igualmente normas internacionais e também leis brasileiras”, afirmaram.

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