Léo Lins: o bolsonarismo tem palco e plateia

Atualizado em 18 de maio de 2023 às 12:32
Léo Lins de camisa vermelha, falando e gesticulando, com microfone
O humorista Léo Lins. Foto: Reprodução

A notícia da semana traz o humorista Léo Lins mais uma vez como protagonista. Suspenso de suas atividades (cancelamento de shows e retirada de vídeos do YouTube), cumprirá medidas cautelares enquanto aguarda julgamento por crime de ódio (caracterizado por ofensas aos mais diversos grupos de minorias). A decisão foi da justiça de São Paulo em acato ao pedido do Ministério Público do mesmo estado.

Nesse ínterim, outros humoristas, em especial o renomado senhor Fábio Porchat, saíram na defesa do colega considerando censura a medida tomada pela justiça. Ou seja, estamos diante de uma clara e manifesta defesa ao preconceito, à discriminação e a toda forma de humilhação àqueles que já sofrem todos os percalços da diminuição de direitos de civilidade e, por conseguinte, exclusão social

Como diria o linguista Carlos Carvalho, “sob o argumento da liberdade de expressão, a besta do fascismo avança contra a decência e a civilidade”. Já Alexandre de Moraes, em um conhecido e histórico discurso, alertou que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão, não é liberdade de ofensa, ou de ameaça”.

O próprio Direito, em consonância com a carta de 1988, define e limita a liberdade de expressão no humor. Em 2010, o STF, por exemplo, entendeu que programas humorísticos e charges seriam vistos como atividades jornalísticas, porém, quem ofender terceiros poderá responder judicialmente por seus delitos.

O Brasil vive intensamente os reflexos de um avanço nazifascista, aqui denominado e identificado pela alcunha de bolsonarismo. Tudo o que há mais putrefato habita os corredores da sociedade brasileira, através, inclusive, de um “neo-humor” que nada mais é do que o direito de humilhar.

Léo Lins já havia se envolvido em outros episódios, sobretudo quando de sua condenação (multa de 5 mil reais por gordofobia); processado por entidade israelita por ter comparado o movimento de judeus no muro das lamentações com “comportamento autista” – dizendo que os judeus teriam que ser cancelados por tal atitude, embora, segundo ele, “Hitler tinha tentado”; e pelo desligamento do SBT – na época defendido por Danilo Gentili, outro conhecido humorista da mesma linha de humor: ataques constantes às minorias com toda e qualquer forma de discurso de ódio.

Em resumo, o Estado Brasileiro tem um criminoso reincidente sendo aplaudido em teatros e defendido por seus pares (não só de profissão como de crime). Até quando continuaremos rindo literalmente de um dos pilares do fascismo? Até quando teremos tolerância com os mais asquerosos, nojentos e repugnantes fascistas?

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