Empresa de cursos de Eduardo Bolsonaro divide endereço com loja que usa slogan golpista

Atualizado em 26 de maio de 2023 às 6:47
Eduardo Bolsonaro, Denise Bueno e Wilker Amaral. Reprodução

No ano passado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estabeleceu uma empresa de cursos e marketing que, de acordo com sua declaração à Justiça Eleitoral, obteve um lucro de pelo menos R$ 600 mil em quatro meses. No entanto, em março deste ano, ele transferiu a sede da empresa para um local sem qualquer identificação da Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda, compartilhando o mesmo endereço de uma loja online que vende objetos com mensagens golpistas e falsas. Com informações de Juliana dal Piva, da UOL.

Em 17 de maio, a reportagem visitou o local e não encontrou nenhuma referência à empresa. No entanto, a sede abrigava a Camisetas Opressoras, uma loja frequentemente divulgada por Eduardo Bolsonaro em suas redes sociais.

A Camisetas Opressoras realiza vendas online de objetos como canecas e adesivos com o slogan golpista “Brazil was stolen” (“O Brasil foi roubado”), usado pelos apoiadores de Bolsonaro na tentativa de obter apoio internacional para a falsa ideia de que as eleições brasileiras foram fraudadas.

Caneca com mensagem golpista produzida pela Camisetas Opressoras. Reprodução

De acordo com os registros da Junta Comercial de São Paulo, a Eduardo Bolsonaro Cursos foi registrada a partir de um documento preparado por Lucimar Claudina dos Santos, secretária parlamentar do gabinete de Eduardo na Câmara dos Deputados, em Brasília, a partir de abril de 2021. Pouco depois, em 29 de abril de 2022, o parlamentar admitiu sua esposa, Heloísa Bolsonaro, como sócia-administradora do negócio. Em 3 de março de 2023, ela alterou o objeto social da empresa para incluir “comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios” e informou à Junta a mudança de endereço para Caçapava (SP), exatamente para o mesmo endereço da Camisetas Opressoras e de outra empresa de publicidade chamada Wiks.

Em fevereiro deste ano, a Eduardo Bolsonaro Cursos Ltda também começou a vender suvenires, como canecas, cadernos e calendários, para a militância bolsonarista através do site Bolsonaro Store. A diversificação do mercado coincide com a mudança de endereço de São Bernardo para Caçapava e de ramo de atividade.

A empresa Camisetas Opressoras, por sua vez, pertence, de acordo com os documentos, a Denise Bueno, esposa de Wilker Delkerson Amaral. Amaral foi funcionário do gabinete do deputado estadual de São Paulo Gil Diniz (PL), conhecido como “Carteiro Reaça”, um aliado da família Bolsonaro e ex-assessor de Eduardo Bolsonaro na Câmara dos Deputados. No ano passado, o casal também prestou serviços de “atividades de militância e mobilização de rua” na campanha do candidato, recebendo R$ 1.500 cada um.

No mesmo endereço onde estão localizadas a empresa de cursos de Eduardo e a Camisetas Opressoras, também está registrada a Wiks Publicidade, cujos sócios são Wilker Amaral e Edmilson Rodrigues. A reportagem visitou o local, um imóvel comercial de dois andares, na cidade de Caçapava. Ao lado do interfone, havia um papel com os nomes dos negócios presentes ali e os números das salas, porém a empresa de Eduardo não estava na lista.

A lista de empresas no interfone não mostra a empresa de Eduardo Bolsonaro. Foto: Juliana dal Piva

Ao chegar ao local, a reportagem foi atendida por Wilker Amaral. No entanto, quando questionado sobre a Camisetas Opressoras, ele alegou não ter autorização para falar sobre a loja, apesar de o site estar registrado em seu nome.

Amaral afirmou: “Não sou dono da empresa. Sou um colaborador. A empresa não está registrada em meu nome”. Quando questionado sobre o proprietário da empresa, Amaral insistiu que não podia revelar essa informação: “Então, não tenho autorização. Não posso falar sobre a operação. Não estou autorizado a fornecer informações, e você também não pode falar nada sobre a operação. O que estou dizendo é que a empresa está localizada aqui”. Ele mencionou que a empresa pertence à sua esposa, dizendo que “tudo está em casa”.

No dia em que a reportagem esteve no local, a esposa de Amaral, Denise Bueno, não estava presente. O casal mora em uma casa a poucos metros da sede da loja. A reportagem tentou contatá-la, mas não obteve resposta.

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