Mercedes-Benz colaborou com a ditadura e espionou Lula, mostram documentos

Atualizado em 31 de maio de 2023 às 15:13
Lula discursa durante uma das greves no ABC Paulista. Foto: Wikimedia Commons

A Mercedes-Benz do Brasil colaborou com a ditadura militar e espionou funcionários e ativistas sindicais entre as décadas 1970 e 1980 na fábrica em São Bernardo do Campo (SP). Segundo registros do Departamento de Ordem Política Social (Dops), o setor de segurança da empresa repassou informações sobre atividades sindicais e dados pessoais de metalúrgicos. A informação é da Folha de S.Paulo.

Nos documentos repassados ao regime, a empresa citou planos dos sindicalistas e trabalhadores sobre greves, reivindicações salariais e reclamações sobre condições de trabalho. A Mercedes-Benz ainda citava informações pessoais sobre os funcionários, como nomes, cargos, seções de trabalho e endereços residenciais.

Um relatório encaminhado aos militares em janeiro de 1980 relatou informações sobre de reunião realizada dentro do  Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, onde Lula, atualmente presidente da República, atuava.

“A mesa estava composta dos líderes sindicais: Sr. Djalma [Bom, líder sindical e funcionário da Mercedes]; Sr. Cláudio Rosa; Sr. Juraci; Um representante de Santo André. Obs.: O Sr. Lula não estava presente”, diz trecho do documento.

Em outra ocasião, a empresa forneceu um relatório, de 12 de março de 1980, reproduzindo falas de Lula em assembleia de trabalhadores.

“Utilizando-se de um Volkswagen branco com alto falantes, revezavam-se no uso da palavra diversos diretores do sindicato, Juraci, Djalma e Lula, que convocaram o pessoal para não entrar na fábrica e ouvir a diretoria do sindicato. A tônica principal dos discursos foi a convocação dos mensalistas da MBB para a assembleia que será realizada no próximo domingo, às 10h, no Estádio de Vila Euclides, quando será discutida a campanha salarial de 1980”, afirma o relatório.

Ex-líder sindical, Lula participou das greves de 1978, 1979 e 1980. Ele foi preso pelo Dops em abril de 1980 e ficou detido por 31 dias, enquadrado na Lei de Segurança Nacional por incitação à greve.

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