A defesa do juiz Eduardo Appio, afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba, negou nesta quarta-feira (31) que o magistrado tenha ligado para o filho do desembargador Marcelo Malucelli, João Eduardo Malucelli.
Embora um laudo da Polícia Federal (PF) aponte que a gravação “corrobora fortemente a hipótese” de que se trata da voz do juiz, o advogado Pedro Serrano afirmou que a ligação não ocorreu.
“Ainda vamos estudar quais as provas [iremos produzir], mas provavelmente uma perícia, para comprovar que não era a voz [de Appio]”, declarou Serrano à Folha de S.Paulo.
No telefonema, feito em abril ao advogado João Eduardo Malucelli, o interlocutor se apresentou como um servidor da área de saúde da Justiça Federal e aparentemente tenta comprovar o vínculo familiar com o desembargador, que na época era relator da Lava Jato em segunda instância.
João Eduardo é sócio do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e da deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP) no escritório Wolff Moro Sociedade de Advocacia. Ele também é namorado da filha do casal.
Neste período, Appio estava em conflito com o ex-relator, que havia derrubado algumas de suas decisões, incluindo aquelas que atendiam à defesa do advogado e réu Rodrigo Tacla Duran.
Serrano ainda enfatizou o fato de Appio não ter sido ouvido antes de seu afastamento do cargo. “Ele precisa retornar ao cargo e ser dado o direito de defesa a ele”, disse o advogado.
Em entrevista à GloboNews na terça-feira (30), Serrano também afirmou que, mesmo considerando a possibilidade da voz ser do juiz, o diálogo não contém ameaças. “Independentemente de negar ou não, não há ameaças na fala do interlocutor. Seria apenas uma brincadeira? Isso não seria motivo para afastar um juiz”, declarou.