Sucessora de Moro, Gabriela Hardt se declara suspeita para julgar Tony Garcia

Atualizado em 5 de junho de 2023 às 18:56
Juíza Gabriela Hardt. Foto: Eduardo Matysiak

A juíza Gabriela Hardt se declarou suspeita para julgar o ex-deputado estadual Tony Garcia, um dos delatores da Lava Jato. A magistrada alega que entrou com representação contra ele no Ministério Público Federal (MPF) por possível crime contra a honra. O delator afirmou que o ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) interferiu para afastar o juiz Eduardo Appio da operação e citou a juíza ao fazer a revelação.

“Uma vez que esta magistrada protocolou perante o Ministério Público Federal nesta data representação criminal por crime contra honra que entende que tenha sido cometido em razão da minha atuação como magistrada pelo réu ANTONIO CELSO GARCIA, declaro minha suspeição”, afirmou a magistrada em despacho.

Em despacho, Hardt se declara suspeita para julgar Tony Garcia. Foto: Reprodução

Em entrevista à CNN Brasil, Garcia afirmou que Moro atuou para afastar Appio por medo de que o juiz levasse adiante denúncias feitas contra Hardt. Essas denúncias, segundo o delator, tratam do tempo em que trabalhou como “agente infiltrado” para a força-tarefa.

“Eles me amarraram nesse acordo durante 10 anos. Eles ficaram me usando para obter informações, usaram informações para perseguir o PT, usaram da minha amizade com o Eduardo Cunha para eu colher informações de operadores do PT, operadores da Petrobras, operadores do Zé Dirceu, de tudo, eles queriam pegar tudo”, afirmou Garcia.

Ele diz ter feito a denúncia para a juíza em 2021 após solicitar audiência com ela. “Eu falei que eu era agente infiltrado, que eu recebia as ordens diretas do Moro, que ele pedia para eu ir sem advogado. Eu fui 40 vezes ao MPF, fiquei trabalhando para eles, me fizeram de funcionário”, conta.

Segundo ele, Hardt “passou por cima de tudo” e Appio teria submetido as informações ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Aí o Moro entrou em cena logo para abafar isso daí, para tirar o Appio. Porque ele achava que o doutor Appio era a pessoa que ia dar continuidade, ia tirar esse esqueleto do armário”, prosseguiu.

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