O deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) usou seu filho de nove anos na tentativa de se vitimizar e reverter a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que acabou com seu mandato. Em entrevista, o ex-procurador disse que a criança expressou ter medo que o pai seja morto.
Segundo Dallagnol, a professora havia pedido ao filho que fizesse um desenho mostrando do que ele mais tem medo. “Meu filho desenhou uma nuvem com uma pessoa em cima e disse: É meu pai no céu. E o que eu tenho mais medo é que meu pai morra em razão do trabalho dele”, afirma o deputado cassado, que diz sofrer “acusações injustas”.
Ele teve o mandato cassado pelo TSE no último dia 16 após entendimento do tribunal de que pediu exoneração do cargo de procurador no Ministério Público para escapar de julgamento do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) que poderia impedi-lo de concorrer. Dallagnol é investigado pela Polícia Federal por atacar ministros após a decisão.
A declaração vitimista é mais uma tentativa de criar uma narrativa para reverter sua cassação. A nova estratégia ocorre após dois atos fracassados, em que tentou mobilizar apoiadores para protestar contra a decisão do TSE.
Essa não é a primeira vez que ele usa os filhos para sustentar sua narrativa. Em 2019, durante entrevista à Gazeta do Povo, ele relatou que o filho, à época com cinco anos, havia dito que estava com medo e usou o caso para se vitimizar e defender a Lava Jato, força-tarefa em que atuava na ocasião.
“Coragem não é você não ter medo, coragem é você enfrentar os medos que você tem, coragem é você enfrentar os medos de retaliação de poderosos”, afirmou Dallagnol. Ele então usou o episódio para falar sobre a operação: “o que nunca faltou à Lava Jato foi coragem”.