PF encontra minuta para convocação do Exército em celular de Mauro Cid; objetivo era o golpe

Atualizado em 7 de junho de 2023 às 5:45
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e Jair Bolsonaro, ex-presidente. Foto: reprodução

A Polícia Federal descobriu a existência de um rascunho de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que, de acordo com os investigadores, pareciam destinados a apoiar um possível golpe de estado. A GLO é uma operação militar que permite ao presidente convocar as Forças Armadas em situações de perturbação da ordem pública. O documento estava no celular do ajudantes de ordem de Jair Bolsonaro, o coronel Mauro Cid. Com informações de Malu Gaspar, em O Globo.

O militar compareceu à sede da Polícia Federal em Brasília na terça-feira (6) para prestar depoimento sobre essas novas evidências, que ainda não foram divulgadas publicamente. O ministro Alexandre de Moraes autorizou seu interrogatório, afirmando que ele “reuniu documentos com o objetivo de obter apoio jurídico e legal para a execução de um golpe de Estado”. Segundo o despacho, o material tratava “da possibilidade de emprego das Forças Armadas em circunstâncias excepcionais, destinadas a garantir o funcionamento independente e harmônico dos poderes da União”.

A Polícia Federal realizou uma busca na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro em Brasília. A intenção era descobrir quem elaborou esses estudos e para quem eles estavam sendo compilados, entre outras questões. Até o momento, não há indícios de que o material tenha sido enviado a Bolsonaro por meio do celular.

Durante o depoimento, a subprocuradora da República, Lindôra Araújo, participou de forma virtual, mas Cid optou por permanecer em silêncio e se recusou a falar. Os documentos apreendidos com Cid estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis, que foi preso juntamente com ele no início de maio durante uma operação que investiga fraudes nos cartões de vacinação de várias pessoas, incluindo o ex-presidente e sua filha Laura. Reis deverá ser interrogado pela Polícia Federal na quarta-feira.

O material apreendido durante a operação relacionada aos cartões de vacinação deu origem a uma nova investigação sobre a participação desse mesmo grupo nos preparativos para um golpe de estado. Foi nesse contexto que Cid foi interrogado na terça-feira, 6 de junho.

Ex-major Aílton Barros e coronel Élcio Franco
Foto: Reprodução

Áudios que já foram divulgados pela CNN revelaram conversas entre Cid, o ex-major Ailton Barros e o coronel e ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, discutindo como mobilizar o comandante do Exército para um possível golpe. Esse assunto também é abordado nas novas mensagens examinadas pela Polícia Federal. Além do rascunho do decreto e dos pareceres recebidos de várias pessoas, Cid e Reis também trocam ideias sobre como persuadir outras autoridades do Exército a aderir ou colaborar com a GLO.

A PF acredita que esse conjunto de mensagens tenha sido compartilhado em dezembro como parte dos esforços do grupo de auxiliares de Bolsonaro relacionados aos atos golpistas ocorridos em janeiro.

Outra linha de investigação da Polícia Federal é a possibilidade de que o plano envolvesse a edição do decreto de GLO e, posteriormente, a chamada minuta do golpe encontrada na residência do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. O documento apreendido no armário de Torres propunha a criação de um “estado de defesa” no Tribunal Superior Eleitoral, concedendo a Bolsonaro poderes para interferir na atuação da corte, o que claramente viola a Constituição.

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