Conversas entre procuradores e autoridades da Lava Jato revelam atuação conjunta com agentes infiltrados para obtenção de provas contra alvos específicos, segundo diálogos obtidos pela CNN. As conversas fazem parte do inquérito da Operação Spoofing, que investiga a interceptação de mensagens de autoridades, incluindo o ex-juiz Sergio Moro, atual senador pelo União Brasil do Paraná.
Em entrevista à CNN, o ex-deputado Tony Garcia denunciou que foi usado como agente infiltrado a mando de Moro, recebendo ordens diretas do senador. Garcia também afirmou que recebeu ordens de Deltan Dallagnol, cuja cassação foi confirmada pela Câmara dos Deputados. Segundo o ex-parlamentar, ele foi instigado por Dallagnol a obter provas mesmo após cumprir seu acordo favorável. Ele relata que essa prática começou em 2014, com o início da Lava Jato.
Mensagens vazadas validadas pelo STF revelam uso de agentes infiltrados na Operação Spoofing desde 2005, conforme diálogos entre procuradores. Tony Garcia, exemplo de sucesso mencionado pelos procuradores, foi utilizado nesse método. Em conversa sobre a prisão de um investigado da Engevix, o procurador Athayde Ribeiro Costa levanta preocupações sobre a prova obtida por meio de uma ligação telefônica gravada.
O procurador Januário Paludo tranquiliza, mencionando que já utilizaram esse método desde 2005. No entanto, os documentos indicam que o MPF não anexou as provas ao processo inicialmente, levantando questões sobre a legalidade dessa prática. Um ofício foi enviado para a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba solicitando o encaminhamento desses registros audiovisuais.
Leia as mensagens:
Mensagem enviada às 20:17:40: “Em 2005 fizemos várias escutas ambientais a partir do escritório do colaborador (operação tnt). O colaborador marcava reunião e a conversa fluía sem provocação direta. Não anularam. Teria que recuperar a jurisprudência. O colaborador era o Tony Garcia.”
Depois de ser tranquilizado pelo colega, Athayde comemora prevendo o que iria acontecer.
Mensagem enviada às 21:08:20: “A medida já foi deferida… Heheh”.
De acordo com documentos, apesar de se utilizar de a figura do agente infiltrado e se valer desse método para atingir alvos, o MPF não anexou as provas no processo em um primeiro momento, o que indica a ilegalidade do cenário.
“No entanto, quando do encaminhamento do feito a este Juízo, parte dos registros audiovisuais da diligência de monitoramento não foi apensada aos autos, tendo sido expedido ofício ao Juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba/PR solicitando tal encaminhamento”.