Alexandre de Moraes, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já se movimentou para evitar a possibilidade de ministros mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pedisse vista do processo e adiasse a decisão sobre sua inelegibilidade. O julgamento começou na última quinta-feira (22).
Nas últimas semanas, Moraes conversou pessoalmente com os dois ministros que poderiam interromper o julgamento, Kassio Nunes Marques e Raul Araújo, e obteve de ambos a promessa de que dariam seus votos agora e não pediriam vista. A informação é da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Nessas conversas, Moraes argumentou que seria ruim para o país e para o TSE que o processo se arrastasse por muito tempo. Além disso, o magistrado insistiu que o tribunal precisa encerrar essa fase da discussão sobre as eleições de 2022.
Nunes Marques chegou a declarar ao portal UOL que essa expectativa de que ele suspenderia o julgamento era fruto de “pura especulação”. Atualmente, quando questionado sobre o assunto, o magistrado se limita a responder com frases como “vamos aguardar os acontecimentos”.
Vale destacar que o próprio Bolsonaro mencionou a interrupção do julgamento, no entanto, afirmou que seria ideal que “alguém no início pedisse vista”.
“O Kássio Nunes (Marques) será o 6 a votar e pode ser que já tenha decidido a fatura de um lado ou para o outro. Já que é um voto de mais de 300 páginas (do relator, ministro Benedito Gonçalves) o ideal seria que alguém no início pedisse vista”, afirmou o ex-capitão à CNN Brasil na última quarta.
Como Nunes Marques será o penúltimo a votar, há o risco de que, mesmo que ele peça vista, já tenha se formado maioria favorável à condenação de Bolsonaro. Dessa maneira, esse “alguém no início” mencionado pelo Bolsonaro seria Araújo. Além disso, dos sete integrantes do TSE, Nunes Marques é o único indicado pelo ex-presidente.