Por Chico Alencar
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados (Coética) se rebaixou nesta quarta-feira (14), ao abrir processos de cassação contra seis parlamentares progressistas, mulheres do PSOL e do PT. O “crime” que cometeram? Defender a luta contra o genocídio indígena, representado pelo Marco Temporal.
As representações – todas solicitadas pelo PL – contra Célia Xakriabá (PSOL-MG), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Juliana Cardoso (PT-SP) foram recebidas pelo presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, e enviadas ao Coética em apenas 4 horas. Um recorde de celeridade!
Enquanto isso, os pedidos de representações contra os deputados Abílio Brunini (PL-MT), André Fernandes (PL-CE), Sílvia Waiãpi (PL-AP) e Clarrissa Tércio (PP-PE), que apoiaram a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, seguem na mesa do presidente da Câmara, desde o dia 2 de fevereiro. São mais de 140 dias na gaveta. Uma tramitação lenta e gradual.
Dada a assimetria de tratamento, apelamos, em Questão de Ordem, pelo não recebimento das representações ou, ao menos, pela sua retirada de pauta. Em vão.
Pela gritante diferença dos procedimentos, ficou claro que se trata de perseguição política, que mal esconde, inclusive, um viés machista.
Qual foi a “quebra de decoro”? Insurgir-se, com justa indignação, contra a aprovação do Marco Temporal, aprovado no último 30 de maio? O PL 490 (agora PL 2903, em análise no Senado) ofende, desrespeita e vulnerabiliza os direitos de todos os povos indígenas do Brasil.
Mas não vão intimidá-las e nem calar suas vozes. Elas estão do lado certo da História. E estamos solidários. Vamos juntos!