Publicado na DW.
O piloto jordaniano Muath al-Kaseasbeh foi executado da forma mais brutal – queimado vivo dentro de uma jaula. Dias antes, o refém japonês Kenji Goto havia sido decapitado publicamente, da mesma forma que seu compatriota Haruna Yukawa.
Nos três casos, o “Estado Islâmico” (EI) falhou em dois de seus objetivos: não recebeu do Japão o resgate exigido de 200 milhões de dólares; nem conseguiu da Jordânia a libertação da jihadista iraquiana Sajida Al-Rishawi, que acabou sendo executada num ato de vingança.
Mas em outro de seus objetivos a organização terrorista conseguiu ter êxito: atraiu a atenção mundial.
Ocidentais como alvo
Por meio dos reféns, o “Estado Islâmico” pretende conseguir tanto o dinheiro do resgate quanto fazer propaganda. Principalmente quando se trata de estrangeiros.
Muçulmanos xiitas e combatentes sunitas inimigos também foram sequestrados, torturados, abusados e comercializados.
No entanto, foi o sequestro de cerca de 20 reféns ocidentais que ganhou mais atenção internacional. Desses, 15 foram libertados – provavelmente depois do pagamento de resgate. Os últimos a serem soltos, em agosto de 2014, foram o alemão Toni N. e o fotógrafo dinamarquês Rye Ottosen.
Sabe-se que dois reféns ainda se encontram em mãos do EI: uma americana de 26 anos, cujo nome é desconhecido e que queria prestar ajuda humanitária; e o jornalista britânico James Catlie. Ele foi sequestrado em 22 de novembro de 2012 ao lado do fotógrafo americano James Foley.
Eles foram os primeiros reféns do grupo terrorista. E Foley foi o primeiro refém ocidental a ser executado publicamente, em agosto do ano passado. Na época do sequestro de Catlie e Foley, o “Estado Islâmico” ainda não existia em sua forma atual. Eles foram sequestrados por outra milícia, que mais tarde se aliou ao EI. Atualmente, Catlie é o prisioneiro há mais tempo em mãos dos jihadistas.
Entre o resgate financeiro e militar
Os dois reféns japoneses só caíram nas mãos dos terroristas mais tarde: Yukawa desapareceu em agosto de 2014, enquanto Goto foi capturado ao viajar para a Síria, em outubro do ano passado, à procura do compatriota.
Contando o piloto jordaniano, foram mortos nove prisioneiros. Cinco deles vinham do Reino Unido ou dos EUA. Ambos os países rejeitaram o pagamento de resgate.
Acredita-se, no entanto, que França, Espanha, Alemanha e Dinamarca pagaram milhões pela liberdade de seus cidadãos – mesmo que o Ministério do Exterior em Berlim tenha declarado explicitamente, após a libertação de Toni N., que não foi pago “nenhum dinheiro público.”
Atualmente, já se discute na mídia americana a possibilidade de uma operação militar para a libertação dos dois reféns restantes, principalmente do prisioneiro americano. Em meados do ano passado, no entanto, fracassou uma missão para a libertação dos reféns James Foley e Steven Sotloff, que acabaram sendo executados. Quando as forças especiais chegaram ao local, os prisioneiros já haviam sido transferidos.