Por Ruy Nogueira
Pelos humilhados de todas as humilhações, pelos deserdados das imensas riquezas de um país sumamente injusto, pelos que tem fome de comida e sede de justiça, pelos sem teto, pelos que trazem nos olhos tristes a visão secular do racismo e do preconceito social, pelas mãos calosas e os rostos vincados de nossos trabalhadores.
Pelas corajosas mulheres brasileiras, por nossos irmãos pretos, indígenas, LGBTQIA+, pelas crianças que descalças e maltrapilhas perambulam nas esquinas estendendo-nos mãos e estômagos vazios, pelos quase 800 mil brasileiros que morreram de COVID enquanto a besta-fera negava a epidemia e achacava os laboratórios internacionais da vacina, pelo verde de nossa potência ambiental, a Amazônia, pela resistência de seus caboclos, pela garra de nossos adoráveis e fortes nordestinos, pelo futuro que nós teimaremos sempre em construir, pelo fim da bandidagem na vida pública.
Por nossos artistas perseguidos e espezinhados pelos fascistas, por nossa cultura, por Drummond, por Portinari, por Jobim, por Villa-Lobos, por Cartola, por Luiz Gonzaga, por Tarsila e por Clementina.
Pelos nossos sábios, por César Lattes, por Josué de Castro, por Paulo Freire, por Darcy Ribeiro e por Milton Santos.
Pelas bençãos de Deus, pela força dos Orixás, pelo machado de Xangô, pela graça de Nossa Senhora da Aparecida, doce madrinha de nossa Pátria, pela fé que não nos abandonou e nos anima.
Pelos heroicos pracinhas da FEB nos campos da Itália (os que voltaram e os que repousam no cemitério de Pistóia), pelos Emboabas, pelos Cabanos, pelos Inconfidentes e o corpo de Tiradentes esquartejado pelas vielas de Ouro Preto, pelo Conselheiro e pelo povo de Canudos, pelo Contestado, por Zumbi e seu heroico quilombo, por João Cândido, o Almirante Negro, pela epopéia da coluna Prestes, pela coragem e a dor dos supliciados, torturados, mortos e desaparecidos pela ditadura militar de 64, pela memória de todos eles.
Pelo carinho aos amigos, pelo amor dos meus netos e pelas lágrimas que agora verto: BOLSONARO NUNCA MAIS!