Líderes do PT, PV, MDB, PSD, Psol, PSB, PDT, PCdoB e Rede vão pedir ao Senado que investigue a política monetária do Banco Central (BC), comandada por Roberto Campos Neto. Eles querem apurar as responsabilidades de Campos Neto pela “demora” na redução da taxa básica de juros. Desde agosto de 2022, o BC vem mantendo a Selic fixada em 13,75%, mesmo após queda expressiva da inflação nos últimos meses. Os líderes dos partidos vão entregar o pedido de “procedimento apuratório” ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDB-MG), nesta quarta-feira (5)
O documento aponta o “não cumprimento adequado e tempestivo do controle da inflação, do emprego e desenvolvimento econômico e social”. Assim, o documento classifica como “reiteradamente inexitosa” a postura do BC, de acordo com a lei que garantiu a sua autonomia.
Nesse sentido, o texto requer investigação para fiscalizar “possível motivação viciada” e “vício de finalidade” na definição da taxa de juros. Esta, por sua vez, estaria “desconectada dos acontecimentos fáticos precedentes”.
“As justificativas apresentadas para tal manutenção atrelam-se a uma conservadora política econômica que ignora as favoráveis quedas inflacionárias dos últimos meses, bem como omite-se do efeito negativo da alta taxa de juros”, argumentam os partidos. Citam ainda o o superendividamento da população como um dos reflexos da alta taxa de juros, “atingindo a métrica histórica de mais de 70,1 milhões de inadimplentes”.
Todos contra os juros altos
Na última quinta (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir o tom contra Campos Neto e os juros altos. Ele afirmou que todos os setores da economia – à exceção do sistema financeiro – estão contra o que chamou de “absurdo”. Disse que o presidente do BC “não entende nada de país” e cobrou o Senado.
“O Senado, quando aprovou a autonomia do Banco Central, estabeleceu critérios para que seja autônomo. Um deles é cuidar da inflação. Outro é cuidar do crescimento e do emprego. E ele, até agora, tem cuidado pouco”, criticou Lula. Então eu tenho dito que o Senado tem responsabilidade, porque foi o Senado que aceitou a indicação do presidente do Banco Central”, disse em entrevista à Rádio Gaúcha.
Publicado originalmente na RBA