O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), expuseram uma crise pública nesta quinta-feira (6) em meio à articulação da reforma tributária. Com informações da Folha de S.Paulo.
Bolsonaro tem se manifestado contra a proposta, enquanto Tarcísio defendeu o texto após negociar mudanças com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O posicionamento do partido do ex-mandatário pode ser decisivo para a aprovação da proposta defendida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – o PL é a maior bancada da Câmara, com 99 deputados.
A defesa da aprovação da reforma colocou o governador na mira de Bolsonaro e de parte da bancada do PL. O desentendimento ficou explícito durante uma reunião da sigla em que Tarcísio foi hostilizado.
Nas redes sociais, o governador foi chamado de traidor por apoiadores e aliados do ex-chefe do Executivo. Fabio Wajngarten, assessor e advogado do ex-presidente, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) compartilharam uma série de publicações contra Tarcísio.
Durante a reunião de PL, o republicano ainda ouviu de Bolsonaro que não tem experiência suficiente. Para deputados, a opinião do ex-presidente compromete a posição de Tarcísio como líder da direita nas eleições de 2026.
Tarcísio foi interrompido e interpelado pelos deputados durante a reunião do PL. Para o governador, a direita não pode “perder a narrativa” de ser favorável à reforma tributária. “Por que, se não, a reforma acaba sendo aprovada e quem aprovou?”, questionou. “Vamos perder a narrativa da reforma tributária?”, prosseguiu.
Bolsonaristas ouvidos pela Folha de S.Paulo afirmam que é cedo para falar em rompimento entre Bolsonaro e Tarcísio, mas ponderam que o conflito pode caminhar para esse desfecho. Na opinião deles, o governador tem que aprender a ser oposição ao PT, principalmente se quiser se candidatar para a eleição presidencial.
Deputados dizem ainda que Tarcísio saiu desmoralizado do encontro. O deputado Ricardo Salles (PL-SP) foi um dos que discursou atacando o governador.
“Um dos que mais apanhou fui eu, porque justamente estava em um dos ministérios cujo objetivo é enfrentar a esquerda. É muito mais fácil, sem nenhum demérito ao trabalho que foi feito, fazer estrada, ponte e ferrovia do que combater a esquerda”, disse em referência a sua atuação no Ministério do Meio Ambiente e de Tarcísio no Ministério da Infraestrutura.
Salles disse ainda que “ninguém outorgou ao Tarcísio o direito de falar em nome dos deputados do PL” e que São Paulo “não tem um governo de direita”.
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também se manifestou contra a posição do republicano. “Não farei parte disso”, disparou.