Em entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo, um dos líderes da oposição venezuelana, o advogado Antonio Domingo Ecarri Angola elogiou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito da Venezuela.
De viés liberal e apresentando-se ao eleitorado como um candidato de terceira via à presidência, ele discorda de seus pares oposicionistas em relação às recentes declarações do presidente brasileiro sobre seu país.
Enquanto o social-democrata Andrés Caleca qualifica como “lamentáveis” as falas do petista, entendendo que ela “tira muito do mérito” de Lula, a despeito de sua trajetória, Ecarri vê com bons olhos a sua participação nesse processo:
“Quanto mais perto Lula estiver da Venezuela, melhor. Mais Lula, menos Miguel Díaz-Canel [líder de Cuba] e Daniel Ortega [ditador da Nicarágua]”, diz ele. “Lula tem um grande papel de advogar pela eleição mais limpa e transparente possível. A estratégia de ilhar a Venezuela é um erro, e sanções não levaram a nada.”
Oposicionista que liderava as pesquisas teve os direitos cassados
Mesmo sem um calendário definido para o próximo pleito presidencial que deve ocorrer em 2024, o clima político e eleitoral na Venezuela continua se acirrando. O elemento mais recente que deve ter influência direta no processo foi o anúncio feito pela Controladoria-Geral da República (CGR) confirmando que a ex-deputada Maria Corina Machado, pré-candidata da oposição à Presidência do país, estaria inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos.
A informação gerou diversas reações na Venezuela e no exterior, principalmente de partidos e lideranças políticas da direita que classificam o ato como uma suposta “perseguição do governo venezuelano” contra a opositora por conta de seu favoritismo eleitoral. Maria Corina é candidata nas eleições primárias da oposição que estão programadas para o dia 22 de outubro e, na maioria das pesquisas, ela aparece como favorita.
Diante de sua impossibilidade de concorrer, pretende-se que Ecarri e Caleca disputem as prévias, que não terão o apoio do órgão similar ao TSE, para definição do candidato que enfrentará Maduro.