Deputada norte-americana AOC cobra dos EUA abertura de arquivo sobre ditadura brasileira

Atualizado em 8 de julho de 2023 às 20:19
Alexandria Ocasio-Cortez. Foto: Reprodução

Publicado originalmente no “Brasil de Fato”

A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez fez um pedido ao Departamento de Estado dos Estados Unidos para que sejam liberados documentos da inteligência norte-americana relacionados à ditadura militar brasileira (1964-1985)

A demanda foi apresentada como uma emenda provisória ao orçamento anual de Defesa dos EUA, juntamente com outras 1.471 propostas de parlamentares, porém, não há garantia de que será aprovada.

No texto provisório da emenda atual, Ocasio-Cortez solicita um relatório do secretário de Estado, Antony Blinken, sobre o envolvimento dos EUA no golpe de 1964 e se tinham conhecimento prévio da possibilidade de os militares tomarem o poder.

A deputada também solicita que o eventual documento contenha informações de inteligência entre os anos de 1964 e 1985 sobre o envolvimento dos militares brasileiros em assassinatos, torturas, desaparecimentos e prisões arbitrárias, bem como sobre a morte de indígenas por violência direta ou negligência.

Além disso, o relatório deve incluir uma análise da parceria militar entre os EUA e o Brasil durante a ditadura, abordando detalhes sobre treinamento, logística e transferência de armas.

Envolvimento norte-americano documentado

Em 2024, o golpe militar brasileiro completa 60 anos, e a participação dos Estados Unidos nesse período já foi documentada por historiadores.

O então embaixador dos EUA no Brasil em 1964, Lincoln Gordon, propôs o envio de uma força naval para a costa brasileira como parte da Operação Brother Sam, com o objetivo de auxiliar as tropas que depuseram o presidente João Goulart (1961-1964). Embora a ação tenha sido aprovada pelo governo Lyndon Johnson, Goulart foi derrubado antes da chegada dos navios.

Arquivos da embaixada norte-americana dos anos de 1975-1976, publicados pelo WikiLeaks, também revelaram que a Casa Branca tinha conhecimento das violações de direitos humanos durante a ditadura militar brasileira, mas minimizava essas violações como exceções, como forma de justificar a continuidade do apoio e treinamento militar às forças brasileiras.

Os Estados Unidos também apoiaram a Operação Condor, que estabeleceu uma rede para ações coordenadas de repressão nas ditaduras na América do Sul.

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