As investigações da Polícia Federal (PF) sobre supostas irregularidades na compra de kits de robótica no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mostram ligações com outro escândalo também com recursos do MEC (Ministério da Educação), iniciado no governo de Michel Temer (MDB).
Os agentes identificaram transações financeiras entre alvos das operações Hefesto, que apura o caso de robótica, e da Literatus, deflagrada em 2021 para apurar compras suspeitas de materiais escolares da ordem de R$ 154 milhões. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
O empresário Edmundo Catunda, sócio da Megalic, a fornecedora dos kits, e pessoa central no escândalo da robótica, também é citada na Literatus. Os investigadores apontaram que a empresa “GM Quality Comércio Ltda”, do principal alvo da Literatus, Antônio Fernando Mendes da Silva Júnior, transferiu R$ 486 mil para a “3 JC Serviços Administrativos Eireli”, firma em nome de Catunda.
Ainda segundo a Folha, os municípios tinham contratos com a empresa de Catunda, que é próximo ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os recursos eram de emendas de relator, parte do orçamento controlada por Lira.
Catunda também é citado na Literatus por participar de uma licitação supostamente fraudada em benefício de Silva Junior na aquisição de kits escolares. Investigações apontam que há “prova cabal” de que a política pública de transferências foi “direcionada para a contratação do grupo empresarial da Pontual Distribuidora Ltda”, de Silva Junior.
Vale destacar que as relações de Catunda com as empresas de Silva Júnior foram essenciais para que as apurações da robótica chegassem ao ex-funcionário do MEC chamado Alexsander Moreira, exonerado em junho após ser alvo da PF. No governo Bolsonaro, ele era coordenador-geral de Apoio às Redes e Infraestrutura Educacional.